No dia 05 de maio foi
 o Dia Internacional da Parteira. O Grupo Curumim, em parceria com o 
Instituto Nômades, lançou uma campanha para promover a valorização do 
ofício da parteira tradicional. Segue material sobre a campanha:
"A partir desta quarta-feira (03), o Grupo Curumim lança campanha para
 promover a valorização do ofício e dos saberes das parteiras 
tradicionais, entre essas quilombolas e indígenas, ressaltando sua 
contribuição na promoção da saúde das mulheres e das crianças, bem como o
 reconhecimento do parto domiciliar assistido por parteiras tradicionais
 no Sistema Único de Saúde. A iniciativa conta com o apoio do Fundo 
Brasil de Direitos Humanos e parceria com o Instituto Nômades.
A campanha é composta por três VTs e spots nos quais diferentes gerações de 
parteiras de Pernambuco e Paraíba falam sobre o ofício. A campanha 
também solicita o reconhecimento dos saberes e práticas das parteiras 
como patrimônio imaterial brasileiro. No dia 05 de dezembro de 2011, o 
Instituto Nômades encaminhou ao Instituto do Patrimônio Histórico e 
Artístico Nacional (Iphan) um inventário e uma solicitação do registro 
do Ofício da Parteira Tradicional como bem cultural de natureza 
imaterial que compõe o patrimônio cultural brasileiro, conforme 
instituído pelo Decreto Nº 3551/2000.
Além de buscar reconhecer os saberes acumulados por essas mulheres e 
valorizar o ofício, o requerimento do registro é uma demanda da 
sociedade civil pelo emprego do instrumento legal de salvaguarda do 
Governo Federal, cujo objetivo principal é propiciar condições para a 
continuidade da transmissão desses conhecimentos e saberes de 
importância para a identidade nacional. A solicitação pretende 
contribuir para reverter a situação de fragilidade do ofício de 
partejar, superando dificuldades de transmissão e desvalorização diante 
da tecnologia e conhecimento biomédico.
Dados locais – Em Pernambuco, segundo dados da Secretaria Estadual de
 Saúde, existem 871 parteiras atuando nas 11 áreas territoriais cobertas
 pelas suas gerências: 776 atuam na área rural, 56 na área urbana e 39 
nas áreas rural e urbana. No Brasil, as milhares de parteiras cumprem um
 importante papel na promoção da saúde das mulheres e das crianças, 
principalmente nas comunidades rurais, ribeirinhas, indígenas e 
quilombolas. Inclusive porque, em geral, elas atuam em comunidades 
isoladas, onde os serviços públicos básicos (hospitais, delegacias, etc)
 são escassos.
Trabalho no Brasil – “No Brasil, anualmente, em média são realizados 
41 mil partos domiciliares, desses a maioria é assistido por parteiras 
tradicionais. Mesmo sendo dados subnotificados ao Sistema de Informação à
 Saúde do Ministério da Saúde (DATASUS), os números nos dão a visão de 
que as parteiras tradicionais existem e que seus trabalhos deveriam 
estar dentre as preocupações de gestores e profissionais de saúde de 
todas as regiões, principalmente a região Norte, Centro Oeste e 
Nordeste. Além disso, o parto domiciliar assistido por parteira 
tradicional é um direito reprodutivo reconhecido por autoridades 
nacionais e internacionais de saúde, porém a existência no Estado 
Brasileiro de Marcos Legais e Políticos que respaldam e garantem a 
implantação de políticas públicas de inclusão do trabalho desenvolvido 
por parteiras tradicionais, não tem, no entanto, se revertido em 
mudanças significativas no trabalho e na qualidade de vida dessas 
mulheres guerreiras”, afirma Paula Viana, coordenadora do Programa 
Parteiras, do Grupo Curumim.
Trabalhando nos centros urbanos e no interior, estas mulheres são 
responsáveis pelo cuidado de centenas de gestantes, além de serem 
verdadeiras guardiãs de formas culturais tradicionais de conceber e de 
serem agentes para redução das mortes maternas. O desafio, no entanto, é
 garantir, minimamente, o reconhecimento da atividade e o direito a 
aposentadoria destas trabalhadoras. Atualmente, apesar de dedicarem toda
 uma vida ao partejar, não tem direitos trabalhistas nem sociais 
garantidos, mais um reflexo da desigualdade de gênero que atinge de 
forma mais intensa as mulheres pobres, indígenas e negras.
“As parteiras tradicionais são o elo entre a comunidade e os serviços
 de saúde. Em muitas localidades, onde não há médicos, são elas que 
tomam conta da saúde da população e, muitas vezes, fazem a articulação 
para levar as pessoas para os postos de saúde ou hospitais das cidades 
vizinhas”, destaca Paula Viana, enfermeira obstetra e coordenadora do 
Grupo Curumim.
DADOS – 1 em cada 4 mulheres relata maus tratos durante o parto na 
rede pública e privada(Perseu Abramo). – Segundo DataSUS, quase metade 
dos partos realizados no Brasil em 2008 foram cesáreos(1.419.745). 2 – 
Em Pernambuco, a realidade não difere do panorama nacional: quase metade
 dos partos foram cesáreas também (65.285). 3 – Em 2008, o DataSUS 
registrou 832 partos domiciliares em Pernambuco. No Brasil, foram 32.744
 partos em casa. 4 – Entre 2000 e 2007 aumentaram os casos de nascidos 
via parto cesárea com baixo peso (menos de 2,5 kg). – Segundo dados da 
Secretaria de Saúde de Pernambuco, pelo menos 871 mulheres atuam como 
parteiras tradicionais. – Dos 185 municípios de Pernambuco, 71% (131) 
declararam ter parteiras em seu território."
Fonte: Blog Parteiras Tradicionais 
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