O parto em si é um processo fisiológico, ou seja, o corpo da mulher está naturalmente preparado para trazer seu filho(a) ao mundo quando este também estiver pronto; assim, há uma cooperação mútua entre o binômio mãe-bebê para que o nascimento se desenvolva da melhor e mais natural forma possível. Também o parto é um momento espiritual, onde há o acesso a camadas muito profundas do ser, e as mulheres muitas vezes se deparam com inseguranças e medos que podem dificultar o fluir deste momento. Para agravar a situação, na maioria das vezes as mulheres em trabalhos de parto não são respeitadas e não recebem o apoio que necessitam, muito pelo contrário, são violentadas pelos profissionais que vêem o parto como doença e não como saúde. Muitas vezes essas mulheres precisam apenas de uma palavra de conforto, uma mão estendida ou massagens que lhe ajudem a aliviar as dores fortes, e assim acreditar que elas podem trazer ao mundo seu filho(a) sem violar o seu corpo.
Para ajudá-las, existe o trabalho das Doulas! O nome Doula é de origem grega e significa ‘mulher que serve’. Atualmente essa nomenclatura é usada internacionalmente para referir-se a mulher que proporciona à gestante suporte físico, emocional e informações de forma contínua, isto é, antes, durante e logo após o trabalho de parto. A Doula apóia sem restrições e preocupações, transmitindo segurança para que a gestante possa se soltar, livrando-se do medo e ansiedade, podendo assim vivenciar a plenitude do parto (Manual de Orientação para Doulas, Rosemary Reggiani). A presença das Doulas durante o parto remete às cumadres, vizinhas, mães e irmãs que no passado se reuniam para auxiliar durante todo o processo da chegada de uma vida ao mundo, cada uma contribuindo de sua forma, mas sem deixar a parturiente desamparada. A mulher sempre pariu em casa e as intervenções de rotina nos hospitais, apesar de salvar vidas, acabou por tornar este momento tão único em algo técnico, transferindo a sabedoria das mulheres para as mãos de médicos.
Klaus e Kennel publicaram em 1993 em“Mothering the mother” um estudo onde apontaram os resultados globais da presença da doula no trabalho de parto e parto, como pode ser visto abaixo:
·Redução de 50% nos índices de cesarianas
·Redução de 25% na duração do trabalho de parto
·Redução de 60% nos pedidos de analgesia peridural
·Redução de 30% no uso de analgesia peridural
·Redução de 40% no uso de ocitocina
·Redução de 40% no uso de fórceps
Tais índices de redução de práticas invasivas e intervencionistas como as citadas mostram que a presença das Doulas pode contribuir para o melhor desenvolvimento do parto, reduzindo também as horas de trabalho de parto e a intensidade das dores, através de técnicas não farmacológicas. Mas para que a Doula atue, é necessário que a mãe esteja consciente de seu papel no processo, pois se não acabará transferindo este momento para outro profissional. Assim, fazem-se necessárias ações que devolvam a autonomia e decisão das escolhas para as grávidas, através da informação dos processos fisiológicos durante a gravidez, esclarecimento dos seus direitos, busca de um apoio emocional por parte de sua família e profissionais especializados, compartilhamento das angústias e medos; permitindo-as, assim, acessar a força que as ajudarão no resgate da auto-estima, essencial para que elas voltem a ser donas de si mesmas. As Doulas podem e devem servir de suporte e auxiliar as mulheres grávidas nestes aspectos citados, fazendo com que o elo de confiança se fortaleça, essencial para que o trabalho conjunto se realize com sucesso!
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