6 de abr. de 2014

O dilemma do registro de uma criança nascida de parto domiciliar em Natal RN

O dilemma do registro de uma criança nascida de parto domiciliar em Natal RN

Inspirado do texto de Tatiana Calvacanti Frank Enfermeira Obstetra.

Ao parir em casa, em um trabalho de parto que pode demorar horas, poucas ou muitas ou até dias, a mulher e família certamente afastaram-se da triste e atual realidade obstétrica.  Porém, ledo engano de quem acredita que com isto conseguiu vencer o sistema. Existe mais um passo, o registro da criança e a grande chance de ser engolido pelo sistema novamente.
Da mesma forma que os hospitais e profissionais estão despreparados para atender um parto de forma natural e a sociedade despreparada para vivenciar um nascimento mais fisiológico, os cartórios também estão na mesma linha, despreparados para realizar o registro da criança que nasceu em casa.
Escutamos com frequência de oficiais de cartório ao proceder ao registro de uma criança que nasceu no domicílio: “por que não nasceu no hospital? não deu tempo?” ou “quando nasce em casa é bem diferente para fazer o registro”. Será que episódios como este poderiam ser caracterizados como discriminação ou é puro desconhecimento? O despreparo não é uma faceta do preconceito com quem faz diferente do sistema? A forma de chegar ao mundo para quem nasce em casa realmente é diferente. Tende a ser mais acolhedora, mais amorosa, mais harmoniosa. Agora, quanto ao direito ao registro e com agilidade, por se tratar de absoluta prioridade pelo Estatuto da Criança e do Adolescente não há nada de diferente. A lei é a mesma. Basta conhecê-la, seguir o que ela estabelece e assegurar que o cidadão tenha acesso.
Apesar da solicitação à Secretaria Estadual e Municipal de Saúde, a cidade de Natal RN região metropolitana ainda não estão adequadas quanto ao fluxo da liberação da DNV, já foram tomadas providências e informam que estão organizando os trâmites para liberação aos profissionais e parteiras tradicionais e somente os cartórios possuem acesso a declaração para registrar quem nasceu em casa. Espero que a solução seja breve. Esta também é a realidade de vários municípios brasileiros.
Quem oferece o serviço de registro, neste caso os Cartórios de Registro Civil, devem no mínimo conhecer as leis que os regem. Mas este fato passa longe. Ao entrar em contato com os cartórios e confirmar os documentos necessários e se possuem DNV as informações são diferentes das estabelecidas nas leis para o registro, o telefone passa de uma pessoa para outra, novamente para outra ou pedem para ligar mais tarde.
Estes dias, em um cartório que não possuía a DNV o oficial simplesmente informou: “voltem daqui uns oito dias”. Isso mesmo. “Voltem daqui uns oito dias”. Um descaso absurdo que mesmo com explicações manteve-se. “Ah, se quiserem dirijam-se à Corregedoria e peçam para o juiz determinar, que aí penso no que fazer, hoje não tenho a declaração”. Simples assim. Desconsidera-se que o pai da criança estava perdendo um dia de sua licença paternidade, que a mãe poderia estar sozinha em casa com o bebê, que a equipe perdeu um dia de sua atividade, que houve deslocamento por grandes distâncias, que as testemunhas deixaram seus trabalhos ou casa para estarem presentes, que havia custo para o estacionamento dos veículos. Une-se o desconhecimento com a má vontade do próprio serviço. É obrigação e não favor
É o registro que tornará a criança reconhecida legalmente pelo Estado, é ele que permitirá a inserção da criança em planos de saúde e servirá como documento para a solicitação da licença paternidade e maternidade. Portanto, desculpe!!! Mas não dá para esperar oito dias, não dá para aceitar a incompetência de quem deveria estar fazendo o que lhe cabe.

Daria para escrever um livro contando os episódios trágicos de idas aos cartórios, de exigências incabíveis ou recomendações inadequadas. Pedem a declaração de um médico de que o bebê nasceu em casa (como, se o parto foi atendido por enfermeira obstetra, por parteira ou mesmo desassistido?); exigem o cartão de pré-natal e ultrassonografias; solicitam a presença da mãe e do bebê; delimitam horários para o registro; alguns não possuem a Declaração de Nascido Vivo e ainda justificam de que o registro está demorando em função do parto ter sido domiciliar. É preciso muita paciência, apresentar as leis, argumentar e não aceitar as imposições. É preciso literalmente “ensinar o padre a rezar a missa”. Sou a favor de uma grande rigorosidade para se proceder ao registro e disponho-me a ir para evitar registros ilegais, só não consigo aceitar arbitrariedades.
Sabemos de casos no Brasil onde as famílias que planejaram e tiveram seus filhos em casa precisaram entrar com processos judiciais para garantir o registro da criança. Processos que perduraram ou ainda perduram por mais de meses. Um transtorno imensurável para a família e criança. Em outros, foram solicitados exames de DNA para comprovar maternidade e paternidade. Em alguns estados todo o fluxo já funciona como preconizado.
Existem profissionais que recomendam à gestante ir ao cartório antes de parir, “se apresentar”, sinceramente discordo. É obrigação de o cartório proceder ao registro mediante documentos e testemunhas. Ponto. Fato. Mas, para quem contempla a orientação como adequada, esta pode ser uma possibilidade. Aqui, enquanto isto vou insistindo para organizarem o fluxo de fornecimento da DNV e obter o bloco. Quem sabe, enviar uma carta aos cartórios e corregedoria explicando sobre o Parto Domiciliar Planejado e que esta prática está crescente no estado e país pode ajudar até que tudo se estabeleça.
A seguir algumas informações que podem instrumentalizar famílias e equipes que vierem a registrar os pequenos que nasceram em casa de forma planejada, e talvez, com argumentos consistentes facilite as discussões com Secretarias Municipais de Saúde e cartórios.

O que é preciso para registrar uma criança que nasceu em casa?
Quando a DNV já é fornecida aos profissionais de saúde ou parteiras tradicionais pela Secretaria Municipal de Saúde, o pai da criança ou a mãe (quando o pai não constará no registro) deve ir ao Cartório de Registro Civil portando identidade do pai e da mãe ou da mãe e a DNV entregue pelos profissionais.
Quando o fluxo para o fornecimento da DNV ainda não está organizado o cartório irá preencher a DNV. De acordo com a Lei 6.015 de 31 de dezembro de 1973 2, com algumas alterações estabelecidas pela Lei 12.662 de 5 de junho de 2012 que regula a expedição da Declaração de Nascido Vivo (DNV),  há a necessidade de que o registro ocorra até 15 dias de vida se for feito pelo pai, na falta deste e realizado pela mãe o prazo se estende para 45 dias. O prazo também aumenta em até três meses para bebês nascidos em lugares distantes – mais de trinta quilômetros da sede do cartório. O pai da criança deve se dirigir ao cartório da região onde reside ou onde ocorreu o parto, portando comprovante de endereço (em geral exigido pelos cartórios) e documento de identidade da mãe e do pai da criança.
Ainda, o cartório pode solicitar que o pai deva estar acompanhado de duas testemunhas, ou da parteira (o) ou declaração da parteira (o) contendo os dados de nascimento. Neste caso, testemunhas precisam estar portando identidade e CPF, e em caso de profissional de saúde ou parteira também identidade e CPF acrescido da carteira profissional

A quem cabe fornecer e preencher a Declaração de Nascido Vivo?
A Portaria 116 de 11.02.2009 4 estabelece que as Secretarias Estaduais de Saúde são responsáveis pela distribuição da DNV às Secretarias Municipais de Saúde e aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas, sendo de responsabilidade destes a distribuição e utilização do documento.
Cabe às Secretarias Municipais de Saúde a distribuição para “estabelecimentos e Serviços de Saúde, onde possam ocor­rer partos, inclusive os de atendimento ou internação domiciliar; para médicos e enfermeiros, parteiras tradicionais reconhe­cidas e vinculadas a unidades de saúde, que atuem em partos do­miciliares, cadastrados pelas Secretarias Municipais de Saúde e Cartórios de Registro Civil” (§8º da Portaria 116 de 11.02.2009 4).
Desta forma, os profissionais e parteiras podem estar requisitando o bloco nas Secretarias Municipais de Saúde mediante cadastro.
O Manual de Instruções de Preenchimento de Declaração de Nascidos Vivos de 2011 do Ministério da Saúde 5 traz como proceder ao preenchimento e fluxo de fornecimento da DNV.
Caso a Secretaria Municipal de Saúde não tenha organizado o fluxo adequado, permanece a responsabilidade aos cartórios em terem a Declaração de Nascido Vivo no ato do registro. Assim, todo Cartório de Registro Civil deve possuir a DNV para poder proceder ao registro de crianças que não nasceram em estabelecimento hospitalar ou não contaram com assistência profissional ou de parteiras no evento.

E em caso de dúvida pelo oficial do cartório sobre o nascimento em casa?
O Art. 52 da lei 6.015 de 31 de dezembro de 1973 2, aponta que “quando o oficial tiver motivo para duvidar da declaração, poderá ir à casa do recém-nascido verificar a sua existência, ou exigir a atestação do médico ou parteira que tiver assistido o parto, ou o testemunho de duas pessoas que não forem os pais e tiverem visto o recém-nascido”.
Conforme a lei, o oficial do cartório não pode exigir a presença da mãe e/ou da criança. É ele que deve se dirigir à residência da mãe.

E se o oficial do cartório se recusar ou retardar o registro?
No caso do “oficial do registro civil recusar fazer ou retardar qualquer registro, averbação ou anotação, bem como o fornecimento da certidão, as partes prejudicadas poderão queixar-se à autoridade judiciária, a qual, ouvindo o acusado, decidirá dentro de cinco (5) dias. § 1º Se for injusta a recusa ou injustificada a demora, o Juiz que tomar conhecimento do fato poderá impor ao oficial multa de um a dez salários mínimos da região, ordenando que, no prazo improrrogável de vinte e quatro (24) horas, seja feito o registro, a averbação, a anotação ou fornecida certidão, sob pena de prisão de cinco (5) a vinte (20) dias (Art. 47 da Lei 6.015 de 31 de dezembro de 1973 2).
Portanto, havendo negativa ou retardo do registro pelo cartório e estando de acordo com as exigências para procedê-lo, torna-se imprescindível dirigir-se à CORREGEDORIA DOS CARTÓRIOS e realizar a denúncia.

Fontes:


Caso Torres RS

Adelir Carmen Lemos de Goés, grávida, foi levada à força por nove policiais armados até um hospital conveniado ao SUS para uma cesariana forçada. Adelir apenas queria um parto normal apos 2 cesáreas, algo que sempre lhe foi negado desde a primeira gestação. Assinou um termo de responsabilidade e foi para casa, em companhia de uma doula, aguardar o momento certo de ir ao hospital, já que os exames realizados até ali não indicavam nenhum risco à vida da mãe nem da criança!

A médica alegou parto pélvico para que a mãe fosse obrigada a se submeter à cirurgia, um argumento já desmentido pela medicina, que vem provando dia após dia que a cesárea é mais danosa para a mulher e para a criança que o parto pélvico. É sabido que no Brasil as cesáreas já ultrapassaram os partos normais, que o nosso país já campeão em número de partos cirúrgicos em todo o mundo, e que a razão disto é financeira!

Junto à Artemis, associação que vem combatendo a violência obstétrica, médicos e ativistas pelos direitos das parturientes, o Deputado Jean Willis, na próxima semana e em caráter de urgência, uma audiência pública para discutir estes casos, cobrando do Executivo, através do Ministério da Saúde e da Secretaria de Políticas para Mulheres, posicionamentos e soluções para este fantasma que assombra as maternidades brasileiras!


Mas detalhes em : http://www.cientistaqueviroumae.com.br/2014/04/em-trabalho-de-parto-levada-por.html

GOSTARIA DE PEDIR A TODAS VOCES DE SUAS ORGANIZAÇÕES PARA Divulgar SOBRE O ATO QUE ACONTECERÁ 11 DE ABRIL AS 11 HS ANTES AS gestantes FAZER TODO BRASILEM MUNDOPARA APOIAR O BRASIL EM SEU PROTESTOCONTRA A CESAREAQUE SE REALIZOU CONTRA A VONTADE DE UMA MÃE FOI LEVADA BRASILEIRAQUE A FORÇA PELA POLICIA ARMADA DE SUA CASA EM PLENO TRABALHO DE PARTO NECESITAMOS VOLUNTARIAS DE TODA PARTE DO MUNDO PARA COMPARTILHAR ESSE CARTAZ E PARTICIPAREM DO MANIFESTO!

https://www.change.org/petitions/mara-freire-manifesto-global-contra-a-cesarea-no-brasil-caso-adelir-torres

Noticias do Movimento pela humanização do Parto em Natal RN

Nesta semana fechamos uma parceria muito importante para as mulheres do Rio Grande do Norte. Tivemos uma reunião com a Bonavides Advocacia, e conseguimos um apoio jurídico para as ações individuais de violência obstétrica que vem acontecendo em grande número na rede pública e suplementar de saúde. Formada por duas mulheres que vem somar forças conosco. Agora estamos mais fortes. Se você sofrer alguma violência de algum profissional de saúde ou outro durante a gestação, parto e puerpério, fala com a gente. Essa parceria vem como agente catalisador de mudança dessa luta contra hegemônica. Vem pra fortalecer e garantir nosso direito de parir como queremos. Com autonomia, respeito e dignidade.
Movimento pela Humanização do Parto em Natal RN

Administração do Rhogam em Natal RN

Como tomar Rhogam depois de um parto Domiciliar em Natal RN, se você e Rh- e o seu companheiro Rh +

Regine Marton MS CNM Midwife Parteira Certificada

 O Prazo limite para tomar Rhogam e de 72 horas pós-parto,

Você vai precisar de duas prescrições o as requisições da sua GO. Uma para  tipagem(saber o Rh do seu bebe) e a outra para o Rhogam. Você so tomara essa injeção se o seu bebe esta Rh+.  Você não precisara tomar Rhogam se o seu bebe esta Rh -.
E se a GO nao quer passar as prescrições antes do parto?
Vários casais tentaram ir a Felipe Camarão para a tipagem do bebe e a injeção, e foram mal recebidos...
Se você tem plano com Papi o com Promater podem tentar ir la depois do parto e pedir porem e provável que vão pedir a vocês de ficarem internados algumas horas pra poder proceder.
Sabemos que toda mulher tem direito ao serviço do SUS tanto no pré-natal parto e pós-parto de acordo com a lei. Normalmente todo PSF teria que ter a possibilidade de poder dar o Rhogam a mulheres que precisam. Porem não e o caso aqui em Natal, e essas dicas vão, eu espero, facilitar a sua caminhada.

Se você não tem plano de saude:
Nao existe ainda em Natal enfermeira podendo tirar sangue do cordão na hora do nascimento pra saber o Rh do bebe e mandar para o laboratório.
Tivemos boas experiências com o laboratório DNA no Tirol aonde você poderá ir e sem prescrição fazer exame de tipagem sanguíneo do seu bebe. Técnicos ajudam e fazem aquilo bem rapidamente na sua presencia. Você pode colocar o seu dedo limpo na boca do bebe pra minimizar o trauma, que ele sugara e ficara calmo durante o procedimento. Custo: 30 reais
O resultado sai no mesmo dia se você perguntar o exame em urgência.
Uma vez com o resultado na mão (baixado na internet no site do DNA Lab.) você poderá ir de novo à sua GO e perguntar a prescrição para o Rhogam se a tipagem deu Rh +.
Tem clinicas privadas de vacinação na cidade que administram Rhogam:
 A AMI clinica de vacinação e uma delas e tem 2 centros; no Tirol e no Mirassol: o custo da administração do Rhogam e de  321 RS, podendo parcelar em três vezes.
Se você tem  um plano de saúde, você, e depois da tipagem feita ,   você pode perguntar a prescrição  a sua GO e proceder da mesma maneira com a requisição.

Se vocês tem perguntas ou  comentários sejam bem vindos!!

1 de abr. de 2014

As Ultimas do RAMA

Atualização sobre as atividades de RAMA Rede de Apoio a Maternidade Ativa.

Como muitas já sabem as atividades de RAMA vão ser agora puramente virtuais (for a Ciranda Grávida com novo formato e novo lugar). Por quê?
 O cenário de Natal mudou e muito, e pra valer! O Movimento pela humanização do Parto em Natal já esta bem implantado e tem com missão de defender e apoiar as Mulheres vitima de Violência Obstétrica e intervenções abusivas tanto no setor Publico e Particular.
A Rede de Doulas com Rosário Bezerra esta engatinhando porem este bem presente e vai continuar o trabalho que RAMA estava fazendo sobre a necessidade da doula no cenário obstétrico hospitalar de Natal.
A presença de uma parteira Midwife na cidade, e o trabalho passado da Dra Edilsa Pinheiro facilitaram a visibilidade e a possibilidade do parto domiciliar em Natal.
A presença de Rosário e Clarissa na gestão da SMS catalisou a formação e a presença de doulas comunitárias na Maternidade Felipe Camarão.
As Cirandas Grávidas passadas idealizadas por Sueli Freitas (parteira e Doula agora morando em Caruaru PE) e Beatriz Barbalho Doula (agora ocupada a um mestrado Lindo) e por a parteira Midwife Regine Marton deram um impulso decisivo na formação desses novos grupos atuando. Nao posso esquecer-me de dizer que sem a Casa Aho e o apoio incondicional de Nicole Passos Naturopata e Doula, essas cirandas nao seriam o que elas foram…
Nada morre todo se transforme... A RAMA esta pronta a passar as armas pra esses movimentos pra continuar a luta e ser presente no Conselho municipal de Saude, o Conselho Estadual de Saude, o fórum potiguar de mulheres, o coletivo Leila Diniz, o Ministério Publico no Projeto Bem Nascer, nos cartórios e todos os lugares aonde RAMA foi presente.
Concretamente o que muda? Regine Marton (eu ne?) continua tomando conta da RAMA na net (Face book e Blog) sozinha e das Cirandas Grávidas. RAMA servira de apoio e de rede, apoiando de maneira incondicional todos os movimentos de defesa do parto fisiológico sem distinção de orientação e ideologia. Quem quiser apoio pra divulgação de evento, noticias etc., basta postar na pagina da RAMA ou me falar me escrever etc.. Se precisar do logo pra pôster etc.… por favor, me avisar com antecedência, RAMA nao falara nas audiências publicas entrevistas etc.… esta na hora dos movimentos serem adultos adquirir visibilidade própria e falar por sim. (PF nao usar o nome do RAMA sem me avisar  antes?) Acho legal continuar a ter o logo da RAMA tanto pela visibilidade necessária que ela tem como por o fato dela estar a mãe espiritual de todos esses movimentos (pelos eu acho  rsrs).

Queria agradecer todas essas mulheres lindas que acompanham o trabalho de RAMA que nao acabou!! Gratidão... e vejo todas voces nas Cirandas logo novo formato  bjos!!!!!

4 de mar. de 2014

Movimento pela Humanizacao do Parto e do Nascimento em Natal RN

Autora:  Gabriella Vinhas, Fundadora do Movimento gabriellacotta@gmail.com

O Movimento pela humanização do parto e nascimento em Natal surgiu em 

2013 com o objetivo de erradicar a violência obstétrica no município através

 de projetos de educação popular, de engajamento político, grupo de apoio 

além de denunciar e fazer punir quem comete violência obstétrica. A missão é 

a de proporcionar para um número cada vez maior de mulheres, a experiência 

de um parto ativo e respeitoso, amparado pela prática baseada em evidências

 científicas aliado ao cumprimento dos direitos da mulher desde a gestação ao

 puerpério. . Criado pelas para e por usuárias do sistema de saúde público e 

suplementar.

O Movimento pela Humanização do Parto e Nascimento em Natal surgiu em

 2013, alguns meses depois de ter sofrido violência obstétrica durante e após

 o nascimento do meu filho. A criação do movimento foi uma maneira que 

encontrei para lidar melhor com a dor do que vivi, na esperança de divulgar 

informações e fomentar ações com o objetivo de conscientizar as mulheres de

 seus direitos e também de denunciaras violências cotidianas das 

maternidades públicas e privadas do município.

É um movimento feminista que engloba todas as questões reprodutivas e 

sexuais das mulheres respeitando a livre escolha, o protagonismo e a 

autonomia da mulher sobre o seu proprio corpo.

Contato: 

3 de mar. de 2014

Como Denunciar Violencia Obstetrica

Fonte; Sabrina Ferraz Autora : http://maezissima.com.br/
á falamos sobre a violação dos direitos fundamentais e reprodutivos das mulheres e demos dicas para elaboração do plano de parto. Tudo isso para que as mulheres tenham como se defender daviolência obstétrica. Hoje vamos dar informação para que você saiba como denunciar uma situação de violência obstétrica. 
Uma em cada quatro  mulheres no Brasil ainda sofre algum tipo de violência no parto, conforme a pesquisa “Mulheres Brasileiras e Gênero nos Espaços Público e Privado”, divulgada em 2010, de iniciativa da Fundação Perseu Abramo e Sesc. Para mudar esta situação é muito importante e necessária a denúncia.
violencia obstetricaAo denunciar, as vítimas ajudam a tornar mais evidente a existência da violência no parto, trazendo à tona números e dados que servirão de base e orientação para políticas públicas e até para criação de leis contra a violência obstétrica.
Já existem leis contra a Violência Obstétrica aprovadas no Município de Diadema/SP e em fase final de aprovação no Estado de Santa Catarina,além de leis que garantem a presença de Doulas em maternidades e hospitais da rede pública e privada, aprovadas nos estados de São Paulo e Mato Grosso, e nas cidades de Blumenau/SC e Belo Horizonte/MG (em fase de apreciação). 
Além disso, a denúncia possibilita a responsabilização dos profissionais de saúde e dos hospitais e maternidades envolvidas. No mínimo, gera a necessidade de comparecer perante os órgãos administrativos ou mesmo judiciais para responder sobre os procedimentos e condutas adotados, sendo uma chance de mudar a forma de proceder de alguns profissionais.

7 passos para denunciar a violência obstétrica

1 - Levante toda a documentação possível que exista: cartão de gestante, exames, guia de internação, contrato com hospital e recibos de pagamento, plano de parto, termos de consentimento “esclarecido”, recibo de taxa de acompanhante e, principalmente, cópia integral do prontuário da mãe e do bebê (estes documentos pertencem a mãe e o hospital é obrigado a fornecer, sem nenhum custo). Esses documentos servem como meio de prova e devem ficar em seu poder.
2 - Escreva um relato do que aconteceu, detalhando a violência sofrida e como se sentiu.
3 - Protocole uma cópia de seu relato junto à ouvidoria do Hospital, com cópia para a Diretoria Clínica, se o parto foi pelo SUS. Envie também a denúncia para as Secretarias Municipal  (em Curitiba via site ouvidoria@sms.curitiba.pr.gov.br ou Rua Francisco Torres, 830 – Andar Térreo – Centro) e Estadual de Saúde  (site do Paraná http://www.sesa.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=2941) e para o Ministério da Saúde (fone 136)
4 - Se o parto foi pela rede privada, protocole uma cópia de seu relato no Hospital endereçado à Diretoria Clínica e envie a denúncia para a Diretoria do Plano de Saúde e para a ouvidoria da Agência Nacional de Saúde (site http://www.ans.gov.br/index.php/aans/central-de-atendimento/formulario-de-atendimento ou 0800 701 9656); Envie também a denúncia para as Secretarias Municipal (em Curitiba via site ouvidoria@sms.curitiba.pr.gov.br ou Rua Francisco Torres, 830 – Andar Térreo – Centro) e Estadual de Saúde  (site do Paranáhttp://www.sesa.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=2941) e para o Ministério da Saúde (fone 136)
5 - Ligue para 180 e denuncie, pois a violência obstétrica é violência contra a mulher.
  • 6 - Existe ainda a possibilidade de uma representação administrativa junto ao CRM contra o médico e a equipe. E também a possibilidade de mover uma ação judicial contra os profissionais e contra o Hospital.  Para isso sugerimos o apoio de um advogado. Se você não possui condições de pagar um advogado, procure a defensoria pública da sua cidade.
7 - Também é possível denunciar o hospital junto ao Ministério Público, pedindo averiguação da instituição.

27 de fev. de 2014

RAMA esta convidando activistas e maes a escrever postagens!!

RAMA e bom de reunir informar  e transformar... Porem e ruim de escrita.... Queremos diversidade!! Mandem suas ideias  ou posts a redeeapoiomaternidadeativa@gmail.com para publicação!

Nova equipe indicada pela RAMA em João Pessoa

Água Nascente Shakti nasceu em João Pessoa PB ha pouco tempo mas você ja conhece Regine Marton de Natal RN aonde ainda atende partos domiciliares..

Trabalho em equipe integrada por Regine Marton (Enfermeira e Parteira Certificada nos EUA) e Marcela Larozzi (Doula, Naturóloga e Acupunturista): 

O trabalho com Água Nascente Shakti é voltado para a saúde integral da mulher em todos os momentos do ciclo reprodutivo aliando o atendimento tradicional ocidental com as práticas complementares e integrativas, recomendadas e reconhecidas pela Organização Mundial da Saude. Entre estas utilizamos o Shiatsu, Watsu, Aquanatal, Canto Pré-Natal, Fitoterapia, Nutrição, Massoterapia, Aromaterapia, Reflexoterapia, Reiki, Calatonia, New Seitai, Terapia Floral, Acupuntura associada à auriculoterapia, ventosas e moxabustão, Cromoterapia. Realizamos vivências e oficinas individuais e em grupos de preparo físico e emocional bem como sessões informativas sobre a fisiologia da gravidez, do parto e pós-parto sob a ótica ocidental e chinesa.

Seu atendimento será individualizado durante o seu Pré-natal, ajudaremos você no seu parto hospitalar ou domiciliar com a nossa equipe (Parteira e Doula) e durante o período pós-parto, auxiliando nos primeiros cuidados a seu bebê, com a amamentação, tirando dúvidas apoiando-a no seu domicílio após o parto.
Região atendida: João Pessoa e Natal.
Descrição do trabalho:

O que é uma Parteira profissional Certificada?

É uma profissional capacitada para cuidar da saúde da mulher e do seu bebê com até um mês de vida. O acompanhamento pode iniciar no período pré - concepcional, e permanecer até o pós-parto, incluindo o período da gravidez e o parto. Ela busca promover e preservar a normalidade do processo de nascimento, atendendo as necessidades físicas, emocionais e socioculturais da mulher e do seu bebê. Ela é habilitada a atuar de forma autônoma, responsabilizando-se pela assistência na gestação e no parto normal, no domicílio da gestante.

Estudos estão demonstrando o papel importante e líder da Parteira Profissional Certificada, como guardião do parto fisiológico, preservando a mulher e o bebê, aumentando a satisfação materna durante o parto e sendo um fator importante na diminuição da mortalidade e morbidade materna e neonatal.

O treino da Parteira Profissional Certificada a designa como a
provedora perfeita para o cuidado no pré-natal e parto domiciliar. Ela sabe antecipar e reconhecer como lidar com emergências e remoção no hospital se precisar.

A segurança do parto domiciliar com a Parteira Profissional Certificada já esta comprovada por numerosos estudos apontando também o quanto essa experiência é gratificante para mãe e bebê.
Devido ao meu perfil especifico de treino (Mestrado Midwifery, Obstetricia @SUNY Stony Brook EUA) tenho a capacidade de atender mulheres de maneira integral e complementando um atendimento clássico com práticas integradas e complementares.
Trabalho de maneira contínua na gravidez, com o relacionamento não verbal corporal e mental durante o período do pré-natal e do puerpério possibilitando técnicas terapêuticas aquáticas de Aquanatal e Watsu e com o canto pré – natal.

Disponibilizo piscinas para um parto mais confortável e seguro na água, bancos de parto, massageadores, bolas e rebozos e muito mais.

O que é uma doula?

A nomenclatura “doula” é utilizada no mundo todo. Sua origem é grega e significa “mulher que serve”. A doula é uma profissional treinada e capacitada a oferecer suporte físico e emocional à mulher durante a gestação, parto e logo após o nascimento do bebê.
Encontros da doula com a gestante são importantes para:

• Informar os procedimentos comuns durante o parto;
• Compartilhar a anatomia e fisiologia do parto;
• Indicar fontes de conhecimento para suprir ao máximo as dúvidas da mulher;
• Auxiliar no plano de parto, que é importante para assegurar as preferências e condições do trabalho de parto da gestante;
• Explicar a dinâmica e as transformações corporais e emocionais durante o processo de construção da maternidade;
• Integrar o vínculo mãe-bebê durante a gestação e logo após o parto;
• Incentivar o empoderamento pessoal sobre as escolhas e decisão do modo de parir, promovendo a auto-confiança da mulher gestar, parir, amamentar e cuidar de seu bebê.

A parteira se preocupa com o atendimento propriamente dito do parto e a doula tem seu foco profissional terapêutico ligado ao bem-estar físico e emocional da gestante. Ela soma vida à parteira, que por vezes, pode parecer distante e preocupada com os procedimentos, integrando os cuidados clínicos à compreensão da gestante e família.

A doula durante o parto não substitui o acompanhante durante o parto (Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990). A doula tem o conhecimento específico para lidar com esse momento tão especial, auxiliando a parturiente e o acompanhante, pois é comum o acompanhante se sentir impotente, inseguro e nervoso por ter grande vínculo emocional com a mulher. A doula ajuda a superar angústias, ansiedades, incertezas, medos e outros desequilíbrios momentâneos que são comuns nesses momentos e também auxiliará com formas não farmacológicas ao alívio da dor do parto com massagens, água e sugestão de posições para o trabalho de parto.

A presença da doula no trabalho de parto está associada a uma otimização da vivência e satisfação da mulher no parto. Ela incentiva o parto ativo e autônomo respeitando o protagonismo da mulher, a individualidade, a sensibilidade do momento, a fisiologia e o tempo de cada parto.

Resultados de estudos comprovaram que o auxílio das doulas no trabalho de parto propicia:

• 51% menos cesáreas
• 25% menos tempo de trabalho de parto
• 36% menos uso de analgesia peridural
• 71% menos uso de ocitocina sintética, hormônio usado para induzir contrações
• 60% menos pedidos de anestesia
• 57% menos uso de fórceps
Fonte: Scott, Berkowitz, & Klaus 1999, Califórnia.

Resultados de estudos no período da amamentação e após o parto até 6 semanas seguintes:

• Maior índice de amamentação exclusiva ( 51% x 29%)
• Maior índice de amamentação por livre demanda ( 81% x 47%)
• Menor índice de problemas com alimentação (16% x 63%)
• Menor índice de bebês com vômitos, resfriados, tosse, problemas de apetite e diarréia.
• As mães que foram apoiadas por uma doula mostraram interação mais afetiva com seus bebês, sorrindo, conversando e fazendo mais carinho do que as mães que não tiveram doula.
• Sentem-se mais íntimas do bebê
• Sentem que se comunicam bem com o bebê
• Pensam que tornar-se mãe foi fácil
• Sentem que podem tomar conta do bebê melhor do que qualquer outra pessoa
Fonte: Hofmeyr, Nikodem, Wolman, Chalmers, and Kramer, 1991, África do Sul.

A doula auxiliará com formas não medicamentosas ao alívio da dor do parto com massagens, água, sugestão de posições do trabalho de parto, além do apoio físico e emocional.

Como funciona o trabalho integrado da Doula, Naturóloga e Acupunturista?

A minha atuação como Doula, Naturóloga e Acupunturista visa promover conteúdos terapêuticos e educacionais para promover a saúde integral, com ênfase no período de pré - concepção, gestacional, parto e pós-parto, como objetivo de integrar a equipe interdisciplinar de saúde.

Meu olhar como Naturóloga graduada vê saúde como mais do que ausência de doenças ou sintomas. Assim, os processos que desenvolvem a saúde estão intrinsecamente relacionados aos níveis psíquicos, emocionais, físicos, sociais e energéticos. O equilíbrio entre esses níveis são considerados desencadeadores da saúde, bem estar e da qualidade de vida.
Acredito que associar a Naturologia e técnicas da milenar Medicina Tradicional Chinesa à atuação de doula otimiza o trabalho, uma vez que a Naturologia trabalha com a promoção, manutenção e recuperação da saúde através de práticas naturais de forma personalizada e também com educação em saúde de forma dialética com o objetivo de resgatar a autonomia da paciente para instigar sua consciência e responsabilidade por sua saúde integral e a doula busca resgatar a gravidez como um processo fisiológico e não patológico.

O tratamento com as terapias naturais de forma segura é uma opção a medicamentos que muitas vezes não são recomendados durante a gestação, salvo por indicação médica.

O acompanhamento terapêutico e educacional facilitará o autoconhecimento, a conexão da individualidade da mãe com o bebê, o significado ou ressignificado de ser mãe, a percepção às transformações corporais, emocionais e psicológicas na gravidez, parto e pós-parto, o instinto de parir e amamentar, a preservação e o estimulo à intuição feminina e materna.

Alguns dos benefícios da integração da naturologia e acupuntura com o apoio da doula durante o período de pré-concepção, na gestação, parto e pós parto (lactação):

• Auxílio na elaboração do plano de parto;
• Educação e preparação corporal para o trabalho de parto (posições, respiração, relaxamento, outros);
• Educação dos procedimentos de rotina do trabalho de parto;
• Informação e apoio para dúvidas sobre gravidez, parto e pós-parto;
• Acolhimento emocional e psicológico (medo, ansiedade, angústia, irritabilidade, confusão, incompreensão e outros);
• Empoderamento para a gravidez, parto e pós-parto;
• Elevação da autoestima da mulher;
• Equilíbrio do sistema nervoso;
• Consciência corporal e emocional;
• Estimular percepção profunda e intuitiva;
• Conexão com a vivência da gestação, parto e pós-parto;
• Auxílio ao equilíbrio hormonal no período de pré-concepção para favorecer a fertilidade, durante o trabalho de parto para otimização do parto e no pós-parto para favorecer a lactação;
• Compreensão da fisiologia e doa aspectos emocionais e culturais relacionados à dor parto;
• Reeducação perineal;
• Auxílio para o posicionamento cefálico do bebê para o parto;
• Alívio da dor do parto;
• Apoio a eventuais variações e experiências do parto;
• Favorecer a dilatação no trabalho de parto;
• Favorecer contrações mais efetivas, porém menos dolorosas;
• Melhora da circulação sanguínea e linfática durante a gestação
• Atenuar possíveis desconfortos gestacionais: enjoos, náuseas, vômitos, dor lombar, do de cabeça, dor nos membros, constipação, retenção de líquidos, insônia, fadiga e outros.

As terapias integrativas e complementares (Terapia Floral, Reflexoterapia, Massoterapia, Aromaterapia, Fitoterapia, Cromoterapia, Reiki, Calatonia, New Seitai, Acupuntura e Auriculoterapia estão integradas à prestação de serviço de doula durante as consultas e no trabalho de parto, oferecendo apoio terapêutico qualificado e personalizado para promover a saúde, prevenir e aliviar possíveis desconfortos fisiológicos e desequilíbrios psico-emocionais do período gestacional, parto e pós - parto.

OS ESTRAGOS DA REPRESSÃO SEXUAL E O QUE ISSO TEM À VER COM MEU PARTO?

OS ESTRAGOS DA REPRESSÃO SEXUAL E O QUE ISSO TEM À VER COM MEU PARTO? - Laura Gutman, em O Poder do Discurso Materno, explica

PATRIARCADO E REPRESSÃO SEXUAL

O pensamento sobre a condição humana normalmente é tingido pela nossa cultura, ou seja, é subjetivo, pois ninguém pode olhar de fora do caminho em que estamos. Isso gera um problema importante: há uma cultura pequena inserida em outra que a contém, que está dentro de outra que acontém, e assim por diante. No fim, Oriente e Ocidente compartilham algo em comum há cerca de 5 mil anos ou mais: o patriarcado como sistema de organização social. O patriarcado se baseia na submissão. Em princípio, da mulher em relação ao homem e da criança em relação ao adulto. Também tem um objetivo prioritário, que é a acumulação de patrimônio. Portanto, a ideia é que alguns acumulem tudo o que seja possível, e para isso será necessáriosubmeter outros para que ofereçam sua força de trabalho. Alguns acumulam, outros servem. Os homens exercem o poder enquanto as mulheres servem. Os adultos decidem enquanto as crianças se submetem ao desejo dos mais velhos.

- Cena mais do que comum da hierarquia que nosso sistema obedece, retirada do Google - 

A ferramenta mais importante do patriarcado para obter a submissão das mulheres tem sido a repressão sexual. Que não tem absolutamente nada que ver com a religião (judaico-cristã no caso). A palavra "religio" deriva de "religare", que significa relacionar, vincular, associar. A "religio" na Roma clássica se referia às obrigações de cada indivíduo em relação própria comunidade. Era necessário honrar concretamente os valores que constituíam a base da convivência. Então, não foi a religião que obrigou as mulheres a reprimir sua sexualidade, mas a lógica do patriarcado.
Vamos considerar que o propósito principal era a acumulação de terras. As mulheres se constituíram também em propriedade. Se pertenciam ao varão, garantiam o pertencimento dos filhos, futuros proprietários dos bens dele. Para conseguir que as mulheres deixassem de ser sujeitos e se tornassem objetos de uso, era imprescindível que deixassem de "sentir". As mulheres - por meio dos ciclos vitais - estiveram sempre intimamente ligadas ao próprio corpo. Para deixar de estar tão envolvidas com o próprio corpo, este teve de se tornar perigoso ou pecaminoso. Intocável. Se uma mulher não pode tocar nem ser tocada, o corpo se paralisa, as sensações corporais prazerosas se congelam, e a mulher deixa de ser ela mesma. Torna-se um corpo sem vida em termos femininos, um corpo distante, indomável, incompreendido. A mulher que sangra é considerada suja e impura. Todos entendemos esses conceitos, porque "mamamos" essas crenças, que estão mais arraigadas do que parece.
- Do blog The Upsidedownwold, com uma crítica contundente aos versos bíblicos que corroboram essa ordem - 

A humanidade organizada sobre a base da conquista de terras, as guerras - necessárias para aumentar o patrimônio - e a submissão das mulheres são a mesma coisa. Hoje não se conhece cultura que não esteja alinhada a essa forma de vida, a ponto de acreditarmos que o ser humano "é" assim: manipulador, guerreiro, conquistador, injusto. Entretanto, não deixa de ser uma apreciação feita apenas do ponto de vista do patriarcado. É verdade que quase não restam sinais de outros sistemas, que comunidades matrifocais, centradas no respeito pela Mãe Terra, na ecologia, na sexualidade livre, na igualdade entre seres vivos e no amor como valor supremo não sobreviveram. Mesmo que pareça um paradoxo, essa foi a mensagem de Jesus. Mas rapidamente o patriarcado dominante na época se encarregou de transformá-lo nas crenças cristãs que, na prática, não tem nada que ver com as palavras de amor, solidariedade, confiança e igualdade entre os seres vivos que Jesus proclamou.

- A Vênus de Willendorf é o artefato de representação humana mais antigo que se tem notícia, e data de 24mil anos. Nitidamente uma idealização da figura feminina, é acreditada por parte da comunidade científica ser registro desse tempo em que as organizações sociais eram focadas na mulher e suas características sagradas. -

A questão é que passamos vários séculos da história mergulhados em repressão sexual. Isso significa que o corpo é considerado baixo e impudico, e o espírito, alto e puro. As pulsões sexuais são malignas. E a totalidade das sensações corporais é indesejada. Em que lugar aprendemos que não há lugar para o corpo e para o prazer? No exato momento do nascimento. Segundos depois de nascer, já deixamos de ser tocados. Perdemos o contato corporal que era contínuo no paraíso uterino. Nascemos de mães reprimidas ao longo de gerações e gerações de mulheres ainda mais reprimidas, rígidas, congeladas, duras, paralisadas, incapazes de tocar e muito menos de acariciar. O sangue congela, o pensamento congela, as intenções congelam e o instinto materno se deteriora, se perde, se descontrói e se transforma.
Nós, mulheres, com séculos de patriarcado nas costas, afastadas de nossa sintonia interiro, não queremos parir, nem sentir, nem entrar em contato com a dor. Não sabemos o que é o prazer orgásmico. Carregamos séculos de dureza interior, vivemos com o útero rígido, a pele seca, os braços incapacitados. Não fomos abraçadas por nossas mães, porque elas não foram abraçadas nem embaladas por nossas avós e assim por gerações e gerações de mulheres que perderam o vestígio de brandura feminina. Quando chega o momento de parir, nosso corpo inteiro dói devido à inflexibilidade, à submissão, à falta de ritmo e de carícias. Odiamos nosso corpo que sangra, que muda, que ovula, que mancha, que é ingovernável. E ainda por cima nasce outro corpo que não podemos tocar nem nos aproximar. E não sabemos o que fazer.

- A artista americana sob o pseudônimo de Fecundcunt faz registros críticos e impressionantes das condições femininas e suaS relações com o corpo, com sangue menstrual, fotografias, pintura e crochê - 

É importante levar em conta que, além da submissão e da repressão sexual histórica, as mulheres parem em cativeiro. Há um século - à medida que as mulheres ingressaram no mercado de trabalho, nas universidades e em todos os circuitos de intercâmbio público - cedemos o último bastião do poder feminino: a cena do parto. Já não nos resta nem esse pequeno cantinho de sabedoria ancestral feminina. Acabou-se. Não há mais cena de parto. Agora há tecnologia. Máquinas. Homens. Horários programados. Drogas. Picadas. Ataduras. Lâminas que raspam. Torturas. Silêncio. Ameaças. Resultados. Olhares Invasivos. E medo, claro. Volta a aparecer o medo no único refúgio que durante séculos excluiu os homens. Acontece que entregamos até esse último resguardo. Foi a moeda de troca para que nos permitissem circular por onde há dinheiro e poder político. Entregamos o parto. Foi como vender a alma feminina ao diabo.
Entregar o parto supõe abandonar nas mãos de outros a vinda do indivíduo que nasce nesse instante. Se estamos confirmando a importância da biografia humana de cada indivíduo e a qualidade da maternagem recebida, não há dúvida de que a maneira como a cria humana é recebida será fundamental na constituição do personagem e na posterior armação da trama familiar.
Muito bem, mas é possível "entregar"o parto? Pode-se perder algo tão intrínseco ao ser feminino, algo tão próprio como o corpo gestante que dá a luz? Sim, é possível extraviá-lo de todo o seu sentido profundo. Se a mulher está fora de si mesma. Mas por acaso o instinto materno não é mais forte? Depende. Se a situação é de despojo, o instinto terá que se esconder para sobreviver em melhores condições.

- Isso hoje,  em muitos casos, é a imagem de um parto - 

Em todos os zoológicos do mundo se sabe que qualquer fêmea mamífera criada em cativeiro terá poucas chances de conceber e dar à luz. Os partos costumam ser difíceis. Então, se não consegue, difícilmente "reconhece"a cria como própria e possivelmente terá dificuldades para amamentá-la e protegê-la. Os cuidadores encarregados do zoológico se verão obrigados a dar assistência tanto à mãe mamífera como à cria, alimetando e higienizando o recém nascido e intervido para que a mãe se relacione com o filho. Acontece algo muito parecido conosco: atravessamos a gravidez totalmente despojadas de nosso saber interior e então parimos em cativeiro: amarradas, picadas, ameaçadas e apressadas. O parto não é nosso. É das máquinas, do pessoal médico, das intervenções e das rotinas hospitalares. Estamos em uma prisão, amarradas de pés e mãos, submetidas a torturas. Nessas condições, por lógica, imediatamente depois de realizado o nascimento, desconhecemos nossa cria. Nas instituições médicas, geralmente o bebê é levado e trazido mais tarde banhado, penteado, vestido e adormecido, depois de receber glicose para que não chore mais do que deveria. A partir desse momento, temos que fazer um esforço intelectual para conhecer esse filho como próprio, com a culpa e a vergonha de pensar internamente que talvez não tenhamos esse desejado "instinto materno". Somos estranhas assim, temos muito medo de não saber então como ser uma boa mãe, como fazer o certo e como criar esse filho. Na verdade, despossuídas de nosso saber interior, não sabemos de nada. Perguntamos, como meninas, as trivialidades mais rudimentares. Pedimos permissão para segurá-los - e veja o paradoxo: a resposta é negativa.
O jogo já começou. proíbem-nos de tocar a criança e levamos em consideração orientações antinaturais estúpidas como essa. Porque somos submissas há séculos, o que nos conduz à mais terrível ignorância. Isso significa que estamos despossuídas, além de termos ficado feridas. Depois do parto medicado, sistematizado e moderno, costumamos estar cortadas, costuradas, enfaixadas e imobilizadas, e a criança costuma estar distante de nosso corpo. Não podemos segurá-la por nossos próprios meios devido às feridas e cortes. Além disso estamos cortadas de nosso ser essencial, com o qual sequer sentimos a necessidade visceral de ter a crianças nos braços. É assim que a maquinaria ancestral do patriarcado continua funcionando à perfeição. Cada criança não tocada por sua mãe é uma criança que servirá à roda da indiferença, à guerra e à submissão de uns pelos outros.

Do ponto de vista da criança, a decepção é enorme. Porque a necessidade básica primordial de toda criança humana é o contato corporal e emocional permanente com outro ser humano. No entanto, se sustentarmos a repressão de nossos impulsos básicos como bastião principal, essa demanda de contato da criança vai se transformar em um problema. Preferimos nos afastar de nosso corpo. Nenhuma outra espécie de mamíferos faria algo tão insólito com a própria cria. Mas para os humanos é comum determinar que o melhor é "deixá-lo chorar", "que não fique mal acostumado" ou "que não fique manhoso". Para nós é totalmente habitual que o corpo da criança esteja separado: apenas no berço. Apenas em seu carrinho. Apenas em sua cadeirinha. Supomos que deva dormir sozinho. Cresce um pouco e já opinamos que é grande para pedir abraços ou mimos. Logo depois é grande para chorar. E sem dúvida, sempre é grande para fazer xixi, para ter medo de insetos ou para não querer ir à escola. Se tudo que necessitava desde seu nascimento foi de contato e não obteve, sabe que seu destino é ficar sozinho. Finalmente a criança adoece. Quase todas estão doentes de solidão. Mas nós, adultos, não reconhecemos na doença da criança a necessidade deslocada de contato corporal e presença. A repressão sexual é isso: é medo de tocar a criança porque tocar nos dói. Dói nosso corpo rígido de falta de amor, dói na moral, dói na alma.
A repressão sexual encontrou na moral cristã sua melhor aliada. Porque utiliza ideias espiritualmente elevadas como o amor a Deus para esconder uma realidade muito mais terrena e desprovida de atributos celestiais: a necessidade de possuir o outro como um bem próprio. E a compreensão de todos os medos primários por falta de maternagem é substituída pela acumulação de dinheiro. Inclusive se nós mulheres já nos percebemos como praticantes ou devotas, a repressão sexual continua agindo ao longo de várias gerações, porque nos privamos de tocar nosso corpo e, consequentemente, de tocar o corpo da criança com amor e dedicação.

- "Nenhuma outra espécie de mamíferos faria algo tão insólito com a própria cria" / foto da Amazon, onde esse aparato para distanciar o que já é distante é vendido. -   

Quase todas biografias humanas às quais temos acesso são marcadas por níveis de repressão sexual que não imaginávamos pudessem ser tão importantes. Quando precisamos determinar as dinâmicas familiares ou o grau de desamparo emocional sofrido durante a primeira infância, a investigação sobre a moral religiosa da mãe será um dado fundamental. Nessa busca simples, encontraremos a marca principal do sofrimento de cada indivíduo, e nos veremos obrigados a revisar todo o material sombrio que ele tem escondido. Pensemos que a moral e a repressão sexual nos obrigam a mentir. Sim, nos obrigam a agir de forma diversa que nossas pulsões básicas ditam. Daremos nomes altivos a isso ou não, pouco importa. mas à medida que mascaramos nossas verdadeiras e genuínas pulsões com mais empenho, mais nos afastaremos de nossa essência pessoal e mais grosseiramente confeccionaremos a roupa do personagem que vai nos cobrir e disfarçar o que somos.
A vida reprimida normalmente é tão comum e corrente que não paramos para registrar a influência nefasta que a repressão sexual exerce sobre cada um. Esse desastre ecológico, que tem vários séculos de sucesso aberrante, prejudica a vida de homens e mulheres. Nosso trabalho é descobrir, por meio da construção da biografia humana, a porção de repressão, moral, refúgio e medo que cada indivíduo carrega em si, encobrindo o que de mais belo, instintivo e lindamente animal nos faz humanos.
Insisto que abordar o nível de repressão sexual em cada biografia humana é fundamental, tanto em homens como em mulheres. As consequências para as mulheres são facilmente detectáveis. Com um pouco de experiência profissional, registrar o tônus muscular e a dureza do olhar daquelas que nos consultam é suficiente para antever o nível de autoexigência e de rigidez que as mantêm presas. Nos homens pode ser mais complicado detectar, pois conseguem dissociar um pouco mais as pulsões sexuais do contato corporal. Ou seja, pode ter a sensação de que leva uma vida sexual muito ativa, mas com menos registro do vazio emocional. Por isso é possível que não detectem ali um "problema". Em todos os casos, é necessário investigar e ver o que encontramos.

- Texto retirado na íntegra do livro O Poder do Discurso Materno, Capítulo 5, Os Estragos da Repressão Sexual, Patriarcado e Repressão sexual, pág 102 a 109. Imagens, links ilustrativos e comentários por conta do Mamatraca. - 

Laura Gutman é argentina. Terapeuta familiar e criadora da metodologia de construção da biografia humana, escreveu livros sobre maternidade, paternidade, vínculos afetivos, desamparo emocional e violência. Dirige em Buenos Aires um centro de formação de profissionais para o atendimento de famílias, dá palestras e conferências em diversos países.

Fonte: http://mamatraca.com.br/?id=615&os-estragos-da-repressao-sexual-e-o-que-isso-tem-a-ver-com-meu-parto---laura-gutman-em-o-poder-do-discurso-materno-explica