3 de dez. de 2012

Ciranda Grávida Especial de Fim de Ano


Nossa última ciranda do ano será especialíssima! Estamos preparando muitas vivências para celebrar sua gravidez - olhe a programação abaixo. Começaremos às 14h e pedimos a chegada pontual de todos para que não atrasemos as outras atividades. Leve alimentos leves para compartilharmos e venha agradecer com a gente o ano 12 tão grávido de vida!


PROGRAMAÇÃO DO DIA: 

Dinâmica de apresentação – 14h
Interiorização e Integração com o útero – 14:30 às 15h
Vivência com argiloterapia – 15h às 15:40h
Trabalho de Corpo e Voz – 15:40 às 16:30h
 (com a Parteira Regine Marton - trazer roupa de banho e toalha)
16:30h – Preparação pro  Temazcal
17h – Início do Temazcal 


Temazcal ou Tenda do Suor é uma sauna tradicional indígena, onde se realiza a cerimônia de purificação do corpo e da mente com os quatro elementos: a Terra onde nos apoiamos, o Fogo onde as pedras são aquecidas, a Água que se coloca sobre as pedras e o Ar representado pelo vapor, liberando a sabedoria das nossas Abuelas Piedras e das ervas aromáticas utilizadas. Uma experiência única! Um renascimento no Ventre da Mãe Terra! Este será um temazcal adaptado para as gestantes. Mulheres entram de biquini e canga ou saia; homens entram de bermuda. Criancas também podem participar.

31 de out. de 2012

Ciranda Grávida em mais uma edição!

Aconteceu no dia 20 de Outubro o 2° encontro da 3° Edição do Projeto Ciranda Grávida, idealizado pela R.A.M.A., e agora em uma belíssima parceria com a Casa Aho. (Para saber mais do que aconteceu nas outras edições, acessem: História Projeto Ciranda Grávida).

Nesse lindo dia, a casa estava cheia! Tivemos a presença de 4 casais grávidas, 1 grávida, uma avô e uma mãe parida com sua filhinha. Pela diversidade dos presentes, o tema escolhido pra ser debatido no dia permitiu-se devanear por muitos universos afins. Nosso norte era a Fisiologia do Parto, mas a discussão se estendeu - fomos aos tipos de parto, focamos na realidade e possibilidades local, passeamos dentro do parto em casa, e chegamos ao centro de tudo: emponderamento feminino e construção do parto como um processo presente durante toda a gravidez! Sempre deixando claro o quão importante é que a mulher (e a família) busque, questione, conheça as possibilidades de escolhas e a faça baseando-se em sua história de vida, respeitando-se e permitindo-se ir além, transformar-se e nascer nova mulher. Não há receita de bolo, mas há caminhos além do que o 'normal' mostra. Somos protagonistas de nossas vidas, em tudo, e o poder tem que ser devolvido para nós e por nós!

Corações abertos, novos olhares e um re-nascer em círculo.


 O ancestral e o novo - olhares de um mesmo ser.

Na Ciranda do mês de Novembro, discutiremos mais à fundo sobre tipos e locais de parto, planejamentos e faremos um debate esclarecedor com a Parteira Regine Marton. Uma oportunidade de desmistificar um tema tão polêmico e atual, ponderando benefícios, riscos e ações necessárias para obter o parto tão desejado. Esperamos vocês com todo amor e carinho, para junt@s construirmos a mudança que queremos ver no mundo; para que nossas crianças possam desde o ventre sentirem-se fazendo parte desta transformação, que não é se não de dentro pra fora. Também teremos o Encontro de Mães e Bebês, mais uma oportunidade de transformar e re-criar a maneira como cuidamos de nossos filh@s!



Amor & Amor!

Nós da R.A.M.A.

7 de out. de 2012

Programação de Outubro R.A.M.A.

Começa o mês 10 do ano 12, Outubro cor de rosa das crianças! ;) E nós da R.A.M.A., em uma parceria produtiva e que já rende belos frutos com a Casa Aho, convidamos à tod@s interessad@s para participar de nossa programação: 

ENCONTRO DE MÃES E BEBÊS 
Dia 13 (sábado) - 14 às 17h


Um momento de troca com outras mães, descobrindo novas maneiras de interagir com o bebê. Mediado pela Naturoterapeuta Nicole Passos, integrante da R.A.M.A. e anfitriã da Casa Aho, o Encontro de Mães e Bebês é um espaço aberto às dúvidas e questionamentos comuns a esta fase.

Venha conversar sobre Maternagem Consciente, Maternidade Ativa, Criação com Apego e tudo que permeia as práticas, como Sling, Massagem no bebê, Amamentação e Alimentação Natural, Práticas naturais para o bebê, entre outros temas possíveis.

Finalizaremos o encontro com Massagem no bebê - Shantala. 
Traga uma toalha e óleo de massagem.

Informaçoes: casaaho@gmail.com * 84 8727 0046 OI e 9811 7989 TIM - Nicole
redeapoiomaternidadeativa@gmail.com * 84 87243846 OI 99228042 TIM - Bia

Contribuiçao R$15,00

Favor confirmar presença!

CIRANDA GRÁVIDA 
Dia 20 (sábado) - 14 às 17h

E nossas Cirandas Grávidas continuam! ;)
Neste encontro, falaremos sobre a Fisiologia do parto, desvendando cada etapa deste momento tão especial: o trabalho de parto e suas fases, a temida dor do parto, e muito mais! Além disso, o compartilhar de histórias e experiências é sempre muito bem-vindo!

Participam do evento as doulas do RAMA e demais profissionais convidados.

Informaçoes: casaaho@gmail.com * 84 8727 0046 OI e 9811 7989 TIM
redeapoiomaternidadeativa@gmail.com * 84 87243846 OI e 99228042 TIM

Contribuição R$15 / R$25 casal

Favor confirmar presença!

27 de set. de 2012

Especialistas Apontam Desafios do Parto Humanizado no Brasil

Mulher grávida observando o mar. (Photos.com)

Por 
  
O Brasil possui maior taxa de cesarianas no mundo, segundo a UNICEF. O retorno ao parto normal e à humanização do parto é um processo que vem ganhando força, embora apresente limitações. Despreparo de profissionais, conveniência apresentada pela cirurgia, medo da dor são alguns dos fatores que direcionam a escolha para cesárea ao invés do parto normal, aponta obstetriz. 

A UNICEF registrou no Relatório da Situação Mundial da Infância de 2011 que o Brasil tem a maior taxa de cesarianas do mundo. No período de 2002 a 2009, a taxa de operações cesarianas registrada em nosso país foi de 44 %. Em 2010, este valor subiu para 52 %. Outros 12 países registraram taxas acima de 30 % (Tabela), segundo o relatório. 

Na rede privada, no Brasil, o índice de partos cesáreos chega a 82 % e na rede pública, 37 %, segundo o Ministério da Saúde. 

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a taxa ideal de cesáreas deve ficar em torno de 15 %, já que a cirurgia só é indicada em casos emergenciais e que põe em risco a gestante e o bebê. 

Muitos são os fatores que estão por trás da decisão da escolha da cesariana ao invés do parto normal. A obstetra, Cláudia de Azevedo Aguiar, doutoranda na Faculdade de Saúde Pública (FSP), da Universidade de São Paulo (USP), explica que a opção pela cesárea reflete a cultura brasileira e mudanças que vêm ocorrendo há décadas no país. 

“Um país que supervaloriza as intervenções, a hospitalização, a medicalização em mulheres e bebês saudáveis, não poderia ocupar posição diferente no ranking mundial de número de cesarianas”, disse. 

Os cursos de formação de obstetrizes no Brasil foram extintos em 1970. A formação de obstetrizes passou a ser responsabilidade exclusiva das escolas de enfermagem no Brasil, enquanto especialização. Atualmente, políticas públicas têm incentivado a redução de cesáreas e isso inclui o ressurgimento de cursos de graduação de obstetrizes, segundo site do curso de Obstetrícia da USP.

Países com taxa de cesarianas acima de 30 %. (Fonte: UNICEF)




Cláudia cita que a cesariana tornou-se um “bem de consumo” em algumas camadas da população brasileira. “Os hospitais e os médicos veem esse procedimento como algo absolutamente rentável”, disse. 











Com base nesta lógica, fatores não clínicos imperam na decisão à cesariana. “A conveniência do médico, como horário agendado, não atrapalhando outras atividades e a conveniência dos familiares, em que muitas mães, por exemplo, preferem marcar a cesariana no sábado, para que possam ser visitadas pelos familiares no domingo” afirma Cláudia. 

Outros fatores como o medo da dor no parto normal e a imprevisibilidade do início do trabalho de parto também norteiam a opção pela cesariana. 

A especialista aponta que a noção de que as cesáreas são seguras é falsa. “A cesariana não é um tipo de parto, é uma cirurgia. Ela salva vidas, quando bem indicada e, como qualquer cirurgia emergencial e de grande porte, deve continuar disponível às mães e aos bebês que dela precisarem. No entanto, seu uso indiscriminado reduz significantemente seu potencial protetor”, disse. 

A cesariana pode representar riscos de mortalidade para bebê e a mãe. O Ministério da Saúde (MS) indica que a parturiente que escolhe dar à luz por cesariana tem risco de vida seis vezes maior em relação àquela que opta pelo parto normal. A cesariana também aumenta as chances de a mãe contrair uma infecção ou ter uma hemorragia e quadruplica os riscos de o bebê ir para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Quando a criança nasce normalmente, as chances de ela ser internada são de 3 %, contra 12 % do nascimento cirúrgico, informa o MS. 

As ‘cesárias eletivas’, onde se agenda uma cirurgia para o nascimento do bebê, podem aumentar a probabilidade de problemas de saúde da criança, já que o feto pode não estar totalmente pronto, segundo o MS. Pesquisas da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), indicam que crianças que nascem com 37 ou 38 semanas têm 120 vezes mais chances de possuir problemas respiratórios em relação àqueles com 39 semanas. 

Um movimento está ganhando força atualmente. A especialista aponta a retomada da fisiologia do nascimento por meio de campanhas do MS e outros órgãos; a criação e reciclagem de algumas escolas, como é o caso do curso de Obstetrícia da USP, fundado em 2005, e passeatas de ativistas e algumas entidades. “Mas, ainda se trata de um movimento contra hegemônico”, afirma a obstetriz. 

Ela aponta que serviços de saúde, tais como hospitais, unidades básicas de saúde e maternidades, ainda estão pouco preparados para fazer com que essa mudança ocorra. “Além disso, os serviços de pré-natal não preparam a mulher para vivenciarem o trabalho de parto e o parto sem temor. Tudo isto reafirma a dificuldade em fazer com que o processo de retorno do parto normal saia do plano da ideologia”, afirma. 

Outro desafio apontado pela especialista é voltado às restrições e proibições do conselho de classe da categoria média. Em geral, médicos cuidam de emergências e entendem a gestação, o parto e pós-parto como algo potencialmente arriscado, e por isso, a presença do médico e a hospitalização no momento do parto acabam sendo considerados como imprescindíveis, mesmo nos casos em que mãe e bebê estão absolutamente saudáveis – isto está errado, aponta a obstetriz. 

Uma fonte de complicações no parto, segundo a especialista, é a própria “cascata de intervenções” que a mulher é submetida dentro do hospital. O uso indiscriminado da ocitocinahormônio é um deles. “Ao contrário do que se propõe, é utilizado para acelerar o trabalho de parto, trazendo desconforto e outros efeitos deletérios à mãe e bebê”, afirma. 

Na opinião da especialista, obstetrizes, parteiras e enfermeiras obstétricas são formadas para lidarem com a fisiologia do parto e nascimento e, por isso estão mais aptas “a respeitar a fisiologia, os desejos e direitos da mulher, bebês e familiares, e oferecer uma assistência baseada em evidências científicas, com toda a segurança necessária”, conclui. 

Cláudia de Azevedo Aguiar é obstetriz e doutoranda na Faculdade de Saúde Pública (FSP) na Universidade de São Paulo. Foi autora da dissertação de mestrado “Práticas obstétricas e a questão das cesarianas intraparto na rede pública de saúde de São Paulo”.


22 de set. de 2012

Ciranda Grávida está de volta!


Depois de 4 meses com o projeto parado, a R.A.M.A., em parceria com a Casa Aho, retornou a Ciranda Grávida no dia 15.09.2012. Contando com a presença de 4 casais grávidos, 1 mãe grávida e 2 mães já paridas, nossa tarde foi regada à relatos de partos, bate-papo sobre desconfortos da gravidez, dança para saudar os filhotes no ventre e no colo, e ninho de despedida do útero e boas-vindas  ao mundo de Cauã, rebento de Gabi e Léo, que já já chega neste planetinha. 

Mulheres, homens e crianças em circulo.

Mais uma vez, os relatos de parto emocionaram os presentes! Rosário, mãe e doula, ao lado de suas duas lindas filhotas, nos mostrou com palavras fortes sua saga em busca de fazer diferente, o quê culminou no belíssimo parto domiciliar na água de sua segunda filha, Manuela. Luara, trazendo seu calmo menino aos braços, falou sobre seu parto vaginal hospitalar: sua ótica sobre o desrespeito da lei do acompanhente na maternidade Divino Amor, em Parnamirim. Ambas mulheres fortes com duas realidades de um mesmo sentir, de um parto de si mesma!

 Futuro papai treinando. ;)

Os relatos de parto estimularam a reflexão e debate dos presentes, mas antes de aprofundar no parto (tema da próxima ciranda), voltamos para a gravidez e seus desconfortos, passando dicas de alívios não farmacológicos. Após a discussão, fizemos uma vivência de musicoterapia - internalizando a música, sentindo o corpo e o ventre, bem com a troca com o bebê e o parceiro. Foi muito emocionante, algumas grávidas choraram e a Natureza abençoou com um vento belíssimo que balançava as árvores, fazendo um som in natura fora da sala. Lindo! 


Vivência de Musicoterapia.

Para finalizar, fizemos o belo ninho da Mãe Gabi e do filhote Cauã. Integramos a vivência de musicoterapia com o Ninho: preparamos um cantinho aconchegante com almofadas, e no meio da última música, levamos Gabi para deitar e todos os participantes puderam manifestar junto à Ela e Cauã seus desejos para o (re)nascimento de ambos, seja através do toque, massagem, afago, palavras e pensamentos de amor. Que venha tranquilo e na hora que assim escolher!


Gabi e Cauã sendo nutrido pelos presentes. 

Nós estamos muito felizes com a volta deste projeto que agora re-nasce em uma bela parceria com a Casa Aho, localizada na Vila de Ponta Negra. Agradecemos enormemente aos presentes e esperamos revê-los em breve, nas próximas cirandas!


22 de jul. de 2012

Carta Aberta ao Cremerj - Pela Médica Melania Amorim


Como médica-obstetra, cidadã e ativista do Movimento pela Humanização do Parto e Nascimento no Brasil, venho tornar público o meu repúdio à resolução 266/12 do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (CREMERJ), que veta a presença de doulas, obstetrizes e parteiras em partos hospitalares.

Com essa resolução arbitrária e que não se justifica a partir da série de “considerandos” com que o CREMERJ inicia o seu texto, esse Conselho demonstra uma lamentável falta de conhecimento de todas as evidências científicas correntemente disponíveis pertinentes à importância das obstetrizes e doulas em um modelo de assistência obstétrica humanizado e centrado na mulher. Mais ainda, vai contra as diretrizes do Ministério da Saúde e a Política Nacional de Humanização da Saúde.

A participação das obstetrizes (profissionais formadas em curso superior de Obstetrícia) não somente integra o modelo transdisciplinar de assistência ao parto, mas tem demonstrado resultados SUPERIORES a outros modelos, como é bem demonstrado na revisão sistemática da Biblioteca Cochrane: em um modelo de atenção promovido por obstetrizes, as mulheres têm menor risco de hospitalização antenatal, de analgesia regional e parto instrumental. Têm maior chance de partos sem analgesia, parto vaginal espontâneo, maior sensação de controle durante o nascimento, atendimento por uma obstetriz conhecida e início do aleitamento. Adicionalmente, têm menor risco de experimentar perda fetal antes de 24 semanas e menor duração da hospitalização neonatal. A recomendação dessa revisão sistemática é que deve-se oferecer um modelo de atenção promovido por obstetrizes à maioria das mulheres e AS MULHERES DEVERIAM SER ENCORAJADAS A REIVINDICAR ESSA OPÇÃO.

http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/14651858.CD004667.pub2/abstract;jsessionid=FCDC15CC4DD5578248A98C9F14DA7CDE.d03t04

Em relação às doulas, outra revisão sistemática da Biblioteca Cochrane incluindo 21 ensaios clínicos randomizados e mais de 15.000 mulheres avaliando os efeitos do suporte contínuo intraparto evidenciou que mulheres que receberam esse suporte tiveram maior chance de ter parto vaginal espontâneo, menor necessidade de analgesia de parto, menor risco de relatar insatisfação com a experiência de parto, menor duração do trabalho de parto, menor risco de cesariana, parto instrumental, analgesia regional e nascimento de bebês com baixos escores de Apgar no 5o. minuto. A análise de subgrupo evidenciou que o suporte contínuo intraparto era MAIS EFETIVO quando providenciado por DOULAS!

http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/14651858.CD003766.pub3/abstract

Em maio de 2012, eu tive a oportunidade de publicar um comentário para a Biblioteca de Saúde Reprodutiva (RHL) da Organização Mundial da Saúde (OMS) em parceria com a Dra. Leila Katz, avaliando essa revisão sistemática da Cochrane. Em nosso comentário, PUBLICADO NO SITE DA RHL com o aval da OMS, nós concluímos que TODOS OS HOSPITAIS DEVERIAM IMPLEMENTAR PROGRAMAS PARA OFERECER SUPORTE CONTÍNUO INTRAPARTO, integrando doulas nos serviços de maternidade, UMA VEZ QUE OS MELHORES DESFECHOS MATERNOS E NEONATAIS SÃO OBTIDOS QUANDO O SUPORTE CONTÍNUO INTRAPARTO É OFERECIDO POR DOULAS. Essa estratégia é particularmente importante quando os gestores desejam reduzir as altas taxas de cesarianas em seus hospitais ou países.

http://apps.who.int/rhl/pregnancy_childbirth/childbirth/routine_care/cd0003766_amorimm_com/en/

No país campeão mundial de cesarianas, no qual nos deparamos com a vergonhosa taxa de 52% de cesáreas, que superam 80% no setor privado, situação que se repete no próprio Rio de Janeiro, onde a taxa de cesáreas na maioria dos hospitais privados ultrapassa 90%, o CREMERJ tem se omitido de forma indesculpável e, mais que isso, dá mostras de que pretende alimentar e perpetuar esse modelo perverso que tantos danos e sequelas tem provocado às mulheres brasileiras.

Em vez de combater a epidemia de cesarianas desnecessárias, o CREMERJ fecha os olhos à lamentável INFRAÇÃO ÉTICA das cesáreas SEM INDICAÇÃO MÉDICA, sob pretextos mal definidos por condições não respaldadas pela literatura. Diversos estudos demonstram que as absurdas taxas de cesárea nos hospitais brasileiros não ocorrem por pedido das mulheres, uma vez que a maioria das brasileiras continua demonstrando preferência pelo parto normal. O QUE JUSTIFICA ENTÃO TAXAS DE MAIS DE 90% DE CESÁREAS? Por que, em vez de fiscalizar, indiciar e PUNIR os médicos que ENGANAM suas pacientes e realizam cesarianas desnecessárias, infringindo assim o Artigo 14 do Capítulo III do Código de Ética Médica vigente em nosso país (que veda ao médico a realização de atos médicos desnecessários), o CREMERJ, na contramão das boas práticas baseadas em evidências, quer COIBIR estratégias que comprovadamente reduzem as taxas de intervenções e cesarianas desnecessárias?

Não podemos nos calar diante de tamanha arbitrariedade e tentativa de legislar sobre o corpo feminino, desrespeitando a autonomia e o protagonismo da mulher. O Conselho Federal de Medicina, o Ministério Público e o Ministério da Saúde devem ser notificados dessa tentativa absurda do CREMERJ de transformar o parto em um ato médico e desconsiderar tanto a atuação de outros profissionais no atendimento transdisciplinar ao parto e nascimento como o próprio DIREITO das mulheres de escolher COM QUEM querem ter os seus filhos e quem querem como acompanhantes nessa experiência única e transformadora do nascimento.

Melania Amorim, MD, PhD
Médica-obstetra
CRM – PB 5454CRM – PE 9627
Professora de Ginecologia e Obstetrícia da UFCG, Professora da Pós-Graduação em Saúde Materno-Infantil do IMIP, Pesquisadora Associada da Biblioteca Cochrane, Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq e Coordenadora do Núcleo de Parteria Urbana (NuPar) da Rede pela Humanização do Nascimento (ReHuNa)
 
 

13 de jun. de 2012

MARCHA NACIONAL DO PARTO EM CASA

“Não precisamos do seu Conselho para parir!” 


O domingo do dia 17 de junho promete amanhecer rosa choque em várias capitais do Brasil com a Marcha do Parto em Casa. Porto Alegre, Florianópolis, Salvador, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Fortaleza, Brasília, Natal e mais algumas cidades do interior serão palco de manifestações das mulheres pelo direito de escolher o local em que querem parir, incluindo aí não apenas a recusa imediata de submeterem-se à posição em decúbito dorsal e terem as pernas amarradas em maternidades públicas e privadas do Brasil, mas principalmente o direito, garantido por lei, de parir em  casa, como quiserem e na posição que acharem mais confortável no momento da expulsão.
As coisas pareciam calmas na área e, ainda que os partos domiciliares mal batam em 2% no país, o interesse por essa opção tem crescido no Brasil. As mulheres mais antenadas estão começando a se dar conta que parir em casa pode, entre outras vantagens, ser uma forma segura de não passar pela violência obstétrica http://www.partocomprazer.com.br/?p=2333

Mais do que isso, pode ser uma maneira seguramente amorosa de não sofrer e não permitir que o filho recém-nascido sofra intervenções que podem vir a ser prejudiciais à saúde física e emocional da dupla mãe-bebê, afinal o bebê saudável está, segundo as evidências, http://www.scielosp.org/pdf/rsp/v45n1/1717.pdf  mais seguro no colo da mãe e mamando na primeira hora de vida imediata e não sendo medido, pesado e vacinado antes mesmo de mamar.
Mas então, afinal, se são só 2% e se podem escolher parir em casa com os poucos obstetras e parteiras disponíveis, para que manifestação em tantas praças públicas?
 

É que essa pequena parcela da população está sendo ameaçada de perder a assistência que quer e acredita merecer por represálias cada vez mais insistentes dos conselhos regionais e federal de medicina do país.
Um dia após uma matéria sobre a segurança e legitimidade do parto domiciliar, feita pelo Fantástico, programa da Rede Globo de televisão, o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro-CREMERJ- enviou denúncia http://www.jb.com.br/rio/noticias/2012/06/11/cremerj-abrira-denuncia-contra-medico-que-defende-parto-domiciliar/ ao Conselho Regional de Medicina de São Paulo-CREMESP- contra o obstetra Jorge Kuhn, que concedeu entrevista ao programa dominical. http://globotv.globo.com/rede-globo/fantastico/t/edicoes/v/parto-humanizado-domiciliar-causa-polemica-entre-profissionais-da-area-de-saude/1986583/
Muito amena, rápida e de pouca profundidade, como é praxe do estilo Rede Globo, a matéria sequer falou das evidências que comprovam ser o parto domiciliar tão seguro quanto o hospitalar para as gestantes de baixo risco. O obstetra Jorge Kuhn afirmou com veemência que apenas gestantes de baixo risco devem optar pelo parto domiciliar. E mais nada, a entrevista com ele foi editada em cima dessa fala que reporta os espectadores exclusivamente para a questão da segurança, sem abordar as muitas vantagens dos partos domiciliares já comprovadas por estudos da Medicina Baseada em Evidências.
Rapidamente alguns obstetras simpatizantes e praticantes da humanização do parto e do nascimento se uniram às redes de mulheres que exigem que se cumpra a lei da liberdade de escolha pela posição e local do parto; criaram uma carta aberta e uma petição pública. 
Mais do que defender um colega, a carta e a petição exigem publicamente que os conselhos regionais e federal de medicina respondam com base em evidências às ameaças e atitudes arbitrárias baseadas em crenças médicas derrubadas por sucessivos estudos científicos nos últimos anos.

O cerco contra as atitudes arbitrárias dos conselhos de medicina está fechando e se os médicos que apoiam as políticas dos conselhos acham que estudaram demais para graduarem-se e que todas as pessoas que criticam os abusos médicos e as iatrogenias são invejosas e gostariam de ser médicas; é bom rever conceitos e ler mais publicações baseadas em evidências porque é isso que as mulheres comuns, leigas de todas as profissões, e mesmo as não graduadas andam fazendo para reivindicar direitos e uma prática baseada em recomendações científicas, não em maus hábitos, crenças pessoais e interesses particulares dos obstretas.
A perseguição às parteiras na década de 1940 praticamente baniu a prática do parto domiciliar no Brasil. O parto, inicialmente um ato fisiológico, feminino, um verbo, uma ação, passou a ser um ato médico e a cesariana, um ato médico de fato, começou a ser usada para desqualificar a potência do corpo feminino, como explica tão bem o osbtetra Marcos Leite dos Santos, em tese pela Universidade Federal de Santa Catarina UFSC:“A história da obstetrícia é a história de uma luta em busca de poder. A história da obstetrícia é a história da exclusão da mulher, da depreciação do universo feminino, da transformação de uma atividade inerentemente feminina, natural e fisiológica em um procedimento médico, androcêntrico, tecnocrático e cheio de riscos imanentes” http://www.tempusactas.unb.br/index.php/tempus/article/view/829/792
O modelo hospitalocêntrico no Brasil é tão arraigado que quando uma mulher não consegue segurar a expulsão do bebê e acaba parindo na segurança do lar, sozinha ou assistida por bombeiros, é removida imediatamente para um hospital em vez de ser atendida em casa por uma equipe multidisciplinar do posto de saúde mais próximo. Fique claro que ao serem removidos, ela e o bebê correm riscos maiores de contrair infecções ou vírus.
Enquanto isso, na Alemanha, as mulheres não somente podem escolher como, onde e com quem querem parir, como também podem optar por um parto considerado como de risco maior mesmo pelos humanistas, como o parto desassistido.
Enfim, é muito retrocesso, em vez de estarmos discutindo o quanto um parto desassistido pode ser mais perigoso do que um parto assistido por profissionais da saúde que estudaram as várias indicações para remoção etc, estamos discutindo se um parto é um ato médico e necessariamente hospitalar, estamos discutindo por que perder 2%, 5%, talvez daqui 20 anos 30% de clientes parturientes, é tão importante para a corporação política e econômica da medicina.
E nessas horas a única coisa que vale é mesmo as mulheres irem para as ruas com os cartazes que gritam: "Não precisamos do seu Conselho para parir".

  






Em Natal estaremos também aderindo ao movimento, mas de uma forma diferente - realizaremos um pique-nique no Pq. das Dunas para discutir e esclarecer as pessoas sobre a situação e faremos panfletagem com uma versão simplificada da Carta Aberta à Sociedade !!! Contamos com sua presença para se juntar conosco nesta lula!!!


Local: Bosque dos Namorados (Parque das Dunas)
Data: 17 de junho, domingo
Horario: 15hs
Contatos Marina Viana e Rosário Bezerra



Nota sobre 3° Encontro Projeto Ciranda Grávida

Pedimos desculpas pela demora em publicar esta nota, mas nossa ciranda do dia 02.06.2012 foi atípica. Contamos com a presença de apenas uma grávida, que já está sendo acompanhada por Regine Marton, parteira de nossa equipe, e que também é uma profissional de dança-movimento terapia, com desejo de iniciar um trabalho com mulheres grávidas aqui em Natal. Além dela, apareceu Rafaela, estudante de medicina super ativista e politizada, e Nicole, naturoterapeuta e anfitriã da Casa Aho, na Vila de Ponta Negra. Sentimos então que o rumo de nossa ciranda seria outro, pois há a necessidade de agregar mais pessoas nesta luta pelo maternidade e parto conscientes e respeitosos na cidade de Natal; assim, aproveitamos a oportunidade de ter a presença de pessoas envolvidas na causa e debatemos sobre estratégias e possibilidade de ações que possam chacoalhar um pouco nossa atuação aqui na cidade. Tudo ainda está embrionário, mas adianto que para o próximo semestre teremos um calendário delicioso com atividades e workshops com temas relacionados à gravidez e parto. Aguardem!!!

29 de mai. de 2012


Encontro de Parteiras no Amapá

Amazônia – Encontro das parteiras cumpriu objetivos



As parteiras tradicionais são um patrimônio humano e social do nosso Estado”, afirmou a deputada federal Janete Capiberibe (PSB/AP) durante o II Encontro Internacional das Parteiras Tradicionais. “Não compreendo como elas foram abandonadas durante tanto tempo. São mulheres guerreiras, corajosas e, sobretudo, de presença insubstituível nas localidades onde a saúde é difícil de chegar, como nas longínquas beiras de rio, nas aldeias, nas brenhas das florestas… A partir de agora elas terão todo o apoio e ajuda do Estado para cumprirem sua missão”, arrematou a socialista.

De fato, durante os oito anos que antecederam o atual governo do PSB, o projeto Parteiras Tradicionais do Amapá não recebeu atenção do Estado. O último encontro internacional das parteiras tradicionais ocorreu em 1998.

Agora, o Governo do Amapá realizou, entre os dias 22 a 26 de maio, o II Encontro Internacional das Parteiras Tradicionais. O evento foi coordenado pelas Secretarias de Inclusão e Mobilização Social, da Saúde, IEPA (Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá) e Escola de Administração Pública do Estado. A deputada federal Janete Capiberibe, responsável pela implantação do Projeto Parteiras, no Amapá, entre 1995 e 2002, supervisionou pessoalmente todas as etapas da organização e do Encontro.

Mais de 90 parteiras tradicionais do Amapá frequentaram oficinas sobre procedimentos de assistência a partos (novas técnicas, higiene, prevenções, uso correto dos equipamentos médicos, dentre outros) e, ao final do curso, cada uma recebeu um kit parteira, do programa Rede Cegonha, do Ministério da Saúde.

Parteiras de vários Estados brasileiros e da América Latina, pesquisadores, representantes dos governos federal e estaduais e de organizações da sociedade civil participaram dos dois dias do Encontro.

O Grupo Curumim, através do projeto “Parteiras tradicionais: inclusão e assistência do parto domiciliar no SUS”, ratificou o compromisso de continuar prestando assessoria às parteiras do Amapá. O objetivo é que elas possam exercer seu trabalho com segurança, humanização e que respeito às diversidades geográficas, sociais e étnico-culturais próprias das parteiras tradicionais, indígenas e quilombolas. A troca de experiências se dará pelo fortalecimento do vínculo da entidade com as parteiras tradicionais, como estratégia para a promoção da saúde e redução da morbimortalidade materna e neonatal no Brasil.

Ao final do Encontro, as parteiras tradicionais apresentaram sugestões e reivindicações para melhorarem seu trabalho. As propostas integram a Carta do Encontro das Parteiras Tradicionais que será enviada a diversas instâncias do poder público para que tomem providências conforme as manifestações do segmento. As reivindicações mais constantes trataram de transporte (lanchas e custeio de combustível e outros), medicamentos, remuneração e capacitação.

Apoio do Ministério da Saúde
Thereza Delamare, diretora do Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas (Dapes) do Ministério da Saúde, representou o ministro da Saúde Alexandre Padilha. Ela aprovou e agradeceu ao povo amapaense a atenção que dedica às parteiras do Brasil manifestada na realização do II Encontro internacional das Parteiras Tradicionais e ressaltou a importância das parteiras para as mulheres que não têm o acesso à saúde. “Elas têm um dom, que é de trazer a vida. São profissionais que vêm de raízes, que resgatam toda a história do Amapá e do Brasil. Declaro meu orgulho em ver de perto o empenho de todos que fizeram com que esse momento fosse realizado”.

Palavra da parteira – Maria José, do município de Amapá, disse que o evento reconheceu o valor e a importância do trabalho realizado pelas parteiras. “A gente chega até a auxiliar nos trabalhos domésticos da cozinha, da lavagem da roupa, do cuidado com as crianças, além de assistir à mãe após o parto, observando sintomas e orientando sobre registro de nascimento e vacinações”, diz a parteira.

Ritual do Fogo encerrou II Encontro das Parteiras
As parteiras, que têm por missão “pegar” meninos, como se diz na Amazônia às pessoas que ajudam as grávidas a dar à luz, acreditam que o seu trabalho vem de um dom de Deus, abençoado pelas forças da terra, da água e do ar.
É assim que, para reverenciar esses elementos da natureza, parteiros e parteiras – índios, quilombolas, evangélicos, ribeirinhos e urbanos fecharam o Encontro com um ritual de magia e superstição, chamado Ritual do Fogo.

O ritual – Com tochas e ramos de açaizeiro, as parteiras se unem em momento de fé, orando, cantando, pedindo proteção aos santos e à natureza para que abram os seus caminhos e nada as impeça de realizar um bom parto.

Para as parteiras e os parteiros, o fogo representa a vida, a água, a bolsa amniótica e a terra, a nova geração. “Todos nós viemos do pó e para o pó voltamos”, explica uma das parteiras.
Munidas de sabedoria, coragem e solidariedade, as parteiras vêm “pegando meninos” há gerações. Algumas delas foram iniciadas na jornada por parteiras mais velhas da própria família – suas mães, tias, avós.

Esse conhecimento empírico ganhou respeitabilidade e reconhecimento ao longo das últimas décadas, chamando a atenção de pesquisadores, das mídias nacional e internacional e do Ministério da Saúde (MS).

Texto: Euclides Moraes
Gabinete da deputada federal Janete Capiberibe – PSB/AP

Fonte: Amazônia Brasil Rádio Web