Não é coisa de outro mundo. Mas é uma
experiência linda, limpa, transformadora. É o início de uma vida. É a força
feminina desabrochando no nascimento de uma criança.
Parto domiciliar não é sinônimo de parto desassistido. No Brasil, o número de profissionais preparados e dispostos a dar assistência à parturiente e ao bebê no âmbito domiciliar ainda é reduzido. A maioria dos nascimentos ocorre nos hospitais, permeados pelo “melhor” do modelo tecnocrático que objetiva “salvar vidas” (só não se sabe ao certo do quê). Conhecem aquela velha história de dar o veneno para oferecer o remédio em seguida? Então!
Parto domiciliar não é sinônimo de parto desassistido. No Brasil, o número de profissionais preparados e dispostos a dar assistência à parturiente e ao bebê no âmbito domiciliar ainda é reduzido. A maioria dos nascimentos ocorre nos hospitais, permeados pelo “melhor” do modelo tecnocrático que objetiva “salvar vidas” (só não se sabe ao certo do quê). Conhecem aquela velha história de dar o veneno para oferecer o remédio em seguida? Então!
O que eu posso garantir é que o medo
irracional que tanto nos persegue em relação a possíveis complicações durante
um trabalho de parto (numa gestação de baixo risco) é totalmente infundado.
Hospital não é, nem nunca foi garantia de segurança total e absoluta. O
hospital reserva, ou ao menos deveria reservar, seu espaço às necessidades
reais de intervenções. Para melhor pontuar a afirmação acima, podemos citar que
é crescente o investimento do setor público e privado em programas de
assistência domiciliar. Home-cares, programas de gerenciamento de casos que
tratam de idosos, adultos e crianças com doenças crônico-degenerativas em seu
próprio domicílio. Um dos principais objetivos desses programas é prevenir os
agravos advindos da exposição aos complicadores que só um hospital oferece.
Desta forma, é lógico entender que
protocolos hospitalares raramente contemplam ações favoráveis pra encarar a
chegada de um bebê saudável em um parto fisiológico e natural. Procedimentos
como episiotomia, amniotomia, kristeller, analgesia, aplicados sistematicamente
em todas as mulheres internadas, trazem mais riscos do que benefícios e é
praticamente impossível fugir deste pacote. Sem esquecer-se da privação imposta
aos primeiros momentos de vida do bebê que sofre pela aspiração de vias áreas
de rotina, pelo clampeamento precoce do cordão, pela separação imediata do
contato mãe-bebê nas primeiras horas de vida, pelo nitrato de prata nos olhos,
pela complementação alimentar com fórmula infantil sem conhecimento e consentimento
materno e por aí vai.
Um detalhe veemente ignorado é o de
que temos, ao nosso pleno favor, profissionais capacitados a acompanhar e
intervir (se necessário) durante o trabalho de parto e parto. Parteiras,
obstetras e enfermeiras-obstetras que se qualificam constantemente, garantindo
uma assistência segura e cientificamente embasada.
E lamentavelmente, não só as
parturientes encontram dificuldades na hora de optar pelo parto domiciliar. Os
profissionais citados, que compreendem a fundo a questão da humanização, não
conseguem espaço para atuar com liberdade e de acordo com as normas
estabelecidas pelo Ministério da Saúde e OMS. Estes órgãos citam, como
fundamentais à boa assistência obstétrica, a importância de se respeitar a
mulher na decisão do local de seu parto e agir com o mínimo de intervenção
possível. Contudo, são tantos os mitos infundados e enraizados na sociedade que
não se permite enxergar o “parir feminino” além do modelo hospitalocêntrico e
centrado na figura médica. Abaixo, trago uma pequena amostra destes mitos e, em
paralelo, as suas respectivas desmistificações escritas pela obstetriz Ana
Cristina Duarte:
Mitos do Parto em Casa I: a parteira chega a cavalo ou de bicicleta, e a tiracolo uma
bolsa com 3 panos lavados e um livro de rezas.
Verdade: o material que vai no carro do profissional inclui oxigênio,
máscara, ambu, material de sutura, anestésico local, instrumentos esterilizados,
drogas para contenção hemorrágica, luvas estéreis e outros 20 itens.
Mitos do Parto em Casa II: a parteira é uma senhora boa e
rezadeira de 70 anos, que aprendeu o ofício com sua mãe.
Verdade: o profissional que
atende parto domiciliar é médico, ou enfermeira obstetra, ou obstetriz,
formados em cursos superiores e com experiência em atendimento de partos
normais, com e sem complicações.
Mitos do Parto em
Casa III: A ideia é nascer em
casa custe o que custar, então se complicar, complicou, paciência.
Verdade: o parto começa em
casa, mas acaba onde tiver que acabar. Se houver algum sinal de que talvez o
parto possa vir a complicar, já é feita a remoção para o hospital.
Mitos do Parto em Casa IV: nos países da Europa onde existe o parto em casa, há uma ambulância na porta de cada mulher que está em trabalho de parto.
Mitos do Parto em Casa IV: nos países da Europa onde existe o parto em casa, há uma ambulância na porta de cada mulher que está em trabalho de parto.
Verdade: PUTZ!!! Essa é a
maior de todas as mentironas do século XXI! Não existe ambulância na porta em
nenhum lugar do mundo!
Mitos do Parto em
Casa V: Qualquer mulher
pode conseguir um parto em casa.
Verdade: Mulheres que
desenvolveram complicações não poderão ter um parto em casa, porque os riscos
são aumentados.
Mitos do Parto em
Casa VI: Se o bebê precisar
de alguma coisa, ele vai morrer.
Verdade: Todo o material que
tem para ajudar um bebê num hospital também está presente no parto em casa. Só
não será possível fazer assistência a longo prazo pela falta de equipamento
adequado.
Mitos do Parto em
Casa VII: Se a mulher
"rasgar" ficará aberta para sempre, amém.
Verdade: O profissional tem
todo o material para reparação de lacerações, do anestésico aos fios especiais
de alta absorção.
Mitos do Parto em
Casa VIII: Um parto de baixo
risco vira de alto risco de uma hora para outra.
Verdade: Menos de 1% das
complicações acontecem de uma hora para outra. A maioria são longas evoluções
de horas e horas, até se configurar uma mudança de faixa de risco.
Mitos do Parto em
Casa IX: depois do parto
fica a sujeira para a família limpar.
Verdade: Faz parte do
atendimento do parto a limpeza completa de todo o ambiente onde o bebê nascer,
a retirada dos vestígios de sangue, e a arrumação.
Mitos do Parto em Casa X: O parto em casa está proibido ou os médicos estão proibidos de atender parto em casa.
Mitos do Parto em Casa X: O parto em casa está proibido ou os médicos estão proibidos de atender parto em casa.
Verdade: Nâo existe qualquer
proibição. O Conselho de medicina de SP publicou uma matéria de jornal interno
dizendo que não aconselha. Isso não é proibição. O conselho tem todas as
ferramentas legais para proibir, mas não o fez.
Mitos do Parto em
Casa XI: Há grande risco de
contaminação, pois não é possível esterilizar a casa.
Verdade: primeiro que o
hospital não é esterilizado, pelo contrário, está cheio de bactérias
resistentes. Segundo, que o parto normal não ocorre em local estéril em
qualquer lugar do planeta.
Mitos do Parto em
Casa XII: O bebê tem que
ficar em observação depois que nasce, por isso precisa de enfermeiros no hospital.
Verdade: O bebê fica em
observação pela equipe após o nascimento e tal qual no hospital ficará em
alojamento conjunto com a mãe, recebendo as visitas diárias até a
"alta".
Acrescento ainda, alguns estudos que apontam para segurança do parto domiciliar planejado:
Artigo 1:Acrescento ainda, alguns estudos que apontam para segurança do parto domiciliar planejado:
Artigo 2:
Os avanços da medicina
intervencionista foram desenvolvidos para ajudar mulheres e crianças com
evolução desfavorável durante o trabalho de parto e jamais deveriam ser
aplicados sistematicamente em todas as gestantes de baixo risco. Da maneira que
é feito, ao invés de garantir a atenuação das complicações nos partos difíceis,
provocou complicações evitáveis. Iatrogenia pura. O pior de tudo é ver um sem
número de mulheres totalmente desacreditadas no processo natural chamado
gestação. Imaginam seus corpos como bombas-relógios, prestes a causar
verdadeiros cataclismos contra o concepto. E fica a pergunta: qual o sentido de
tanto terrorismo?
Neste momento, queremos abrir uma
ampla discussão com a sociedade para que as gestantes tenham assegurado o direito
de escolher, de forma consciente e informada, o local do seu parto. Para isto,
um grupo de profissionais humanizados organizou uma petição pública no intuito
de promover um debate cientificamente embasado sobre o direito de escolha.
(link para petição: http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=petparto).
Faz-se mister esclarecer que o
movimento de apoio ao parto humanizado não condena ou é contra o parto normal
hospitalar. A nossa luta é contra a
cultura do medo e de escolhas baseadas em achismos, contra o absurdo número de
cesarianas sem indicação clínica, contra a medicalização indiscriminada na hora
do parto, contra a violência obstétrica e institucional sofridas pela
parturiente e contra tantos outros abusos praticados por uma medicina meramente
curativa, retrógrada, e insensível que mostra estar despreparada para atender e
entender as necessidades de uma mulher durante a mais intensa e recompensadora
vivência do seu sagrado feminino.
Nenhum comentário:
Postar um comentário