27 de fev. de 2014

Existe menas-Ativismo? Maira Liberdad Obstetriz no Rio de Janeiro.

Existe menas-ativismo?


Sem elucubração teórica, vamos pensar em uns exemplos práticos que contradizem a ideia que tem fosforilado por aí de que o ativismo micro, individual, no âmbito do setor privado, é "menas-ativismo", não tem impacto real na mudança radical do modelo obstétrico brasileiro.



Vanessa Pangaio, ídola, frequentou uma roda de gestantes do tipo micro-ativismo, com atuação predominantemente individual e público-alvo que busca muito frequentemente equipes particulares. Fez vakinha e recebeu contribuições, no âmbito micro, de muitas ativistas do tipo “individual” para pagar sua equipe (doula, obstetras, pediatra etc.) particular – uma que topasse seu VBA3C (parto normal após 3 cesáreas). Vanessa pariu, seu relato e fotos de parto estão em sites, blogs, grupos de discussão na internet, estiveram várias vezes nos encontros presenciais da roda de gestantes da qual participou na gestação (e ainda participa). E estiveram também na Rede Globo, num programa matinal com uma audiência que provavelmente nunca havia ouvido falar em parto normal após TRÊS CESÁREAS. Seu relato inspirou e inspira muitas mulheres buscando partos após cesáreas. Vanessa também foi à justiça para questionar o desrespeito a direitos seus durante o parto por parte do hospital e da operadora de plano de saúde – diga-se de passagem, com o auxílio de advogadas ativistas que atuam também no nível micro-individual-privado (e que frequentaram a mesma roda “menas-ativista” e pariram também com equipes/doulas particulares). Além disso, atender o VBA3C da Vanessa com certeza fortaleceu a crença da equipe em partos normais após cesáreas, o que tem um efeito pedagógico que se propaga no cuidado prestado a outras mulheres em situações similares – e também nas atividades docentes de alguns membros da equipe, que dão aulas para profissionais que atendem partos no setor público e no setor privado. Agora, Vanessa, que mora em uma cidade que pode ser considerada um “deserto da humanização”, vai fazer o curso de doulas para ajudar outras mulheres como ela. E está matriculada no curso de enfermagem, pois pretende ser parteira e atender mulheres da sua região – carente de alternativas, sejam públicas sejam privadas, assim como de rodas de gestantes, do tipo que for.

Então, quem não enxerga a potência transformadora de UMA mulher que tem seu parto como planejou, que tem seus desejos e direitos respeitados, que se transforma em ativista e traz consigo a vontade de ajudar outras mulheres no mesmo caminho, ou é cego ou não tem estado, de fato, junto às mulheres, ouvindo e aprendendo com elas. E elas não são “gotas no oceano”, mas verdadeiras tsunamis de energia para transformar.

Você conhece outros exemplos de mulheres que reverberam por aí suas conquistas individuais, particulares e têm feito micro-revoluções por onde passam? Eu conheço várias. Marque nos comentários aquela ativista que você conhece que fez de sua vitória particular um redemoinho de coisas boas – individuais, coletivas, públicas, privadas, micro, macro. E conte sua história!

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